Quem apresenta sintomas característicos de asma deve se submeter a técnicas bastante invasivas até que se alcance diagnóstico confiável. Até alguns anos atrás, fazia-se uma biópsia com anestesia geral; atualmente, o paciente deve ingerir e aspirar soro fisiológico, numa ação que resulta em grande incômodo. A novidade que pode acabar com esse tipo de transtorno recebe o nome de “escarro induzido” e resultou de estudo na Faculdade de Medicina da UFMG. Inédita no Brasil, a pesquisa foi realizada pela fisioterapeuta Cristiane de Abreu Tonelli Ricci, no programa de Pós-graduação em Saúde da Criança e do Adolescente, sob orientação da professora Laura Belizário Lasmar. O estudo comprovou a tolerabilidade, segurança e a alta taxa de sucesso por meio do “escarro induzido”, modalidade que auxilia o diagnóstico da chamada Asma de Difícil Controle (ADC). Tal modalidade de asma está relacionada a uma elevada taxa de crises, múltiplas internações e até mortes, sem contar a baixa qualidade de vida do paciente e de sua família. Realizada em ambulatório, a técnica consiste na indução e produção de secreção pulmonar por meio de um nebulizador. O paciente inala um remédio que dilata os brônquios, ou seja, abre a via pulmonar, com uma solução de sal e água. Uma vez produzido o escarro, a amostra de células dos pulmões é levada para laboratório e analisada por um técnico e pelo médico patologista, permitindo, assim, iniciar o tratamento adequado ao tipo de inflamação. “Este método, apesar de já ter sido estudado em pesquisa inglesa, com análise de pacientes jovens com esse tipo de asma, e de já ser conhecido há vários anos, ainda não era utilizado no Brasil, em crianças e adolescentes com ADC”, afirma a autora. Por isso, mais do que comprovar a eficácia do escarro induzido, sua ideia era propor que ele fosse adotado na assistência aos pacientes com ADC e não apenas em pesquisas. Resultados Outros efeitos positivos da pesquisa foram a implantação da técnica no ambulatório do Hospital das Clínicas da UFMG e a demonstração de que, nos pacientes com Asma de Difícil Controle, existem vários tipos de células inflamatórias, o que significa que o tratamento deve ser individualizado. (Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG)
Os resultados da dissertação foram considerados satisfatórios. Segundo Cristiane, nenhuma das 18 crianças submetidas ao método, no Centro Multidisciplinar para Pacientes com Asma de Difícil Controle (Cemad) do Hospital das Clínicas da UFMG, desenvolveu sintomas graves durante o tratamento. Houve benefício também para o tratamento da asma: com o diagnóstico do tipo da célula inflamatória, foi possível adequar a medicação e propiciar melhor qualidade de vida para os pacientes e seus familiares. “Eles aumentaram sua frequência nas aulas, passaram a tirar boas notas e se integraram mais nos círculos sociais. Antes, poucos praticavam esportes, como o futebol. Hoje, uma das nossas pacientes do Cemad está sendo tratada e corre regularmente", conta a pesquisadora.