Guilherme de Vasconcelos |
Aproveitar espaços urbanos ociosos para oferecer hospedagem a jovens viajantes dispostos a ir além dos caminhos apontados pelo turismo convencional. Essa é a proposta do projeto de “hotéis-cápsulas” desenvolvido pelo arquiteto Guilherme de Vasconcelos como trabalho de conclusão de seu curso de graduação na UFMG. A ideia segue a mesma lógica de iniciativas como o CouchSurfing e o Bed and Breakfast, que viabilizam serviços de hospedagem colaborativa a partir de comunidades virtuais. Mas, nesse caso, há um diferencial: a utilização de “cápsulas” modulares e desmontáveis, que funcionem como quartos de hotel itinerantes. O projeto foi desenvolvido como alternativa físico-digital para otimizar o potencial turístico de cidades em todo o mundo. “Em todos os lugares há espaços subaproveitados, como topos de casas e de prédios, que podem ser utilizados para abrigar cápsulas”, ressalta o arquiteto. “Como as peças se encaixam, é possível montar acomodações de diferentes tamanhos, desde uma pequena suíte até uma edificação maior, com sala e quartos divididos em dois pavimentos”, observa. A ideia é que o morador do imóvel com espaços ociosos, interessado em empreender, alugue ou compre uma cápsula para ser colocada no terraço de sua casa, ou no quintal, por exemplo. Para divulgar a oferta de hospedagem, seria criado um perfil no site oficial dos hotéis-cápsulas, exibindo fotos do local e um mapa com a localização, além da avaliação das pessoas que já estiveram lá. Quando alguém se interessasse pelo serviço, o próprio site informaria ao empreendedor, que também teria acesso às avaliações dos outros usuários, para decidir se aceita ou não recebê-los. O projeto prevê, ainda, um aplicativo para smartphones que envie notificações, facilite a chegada ao local por meio de dispositivos de geolocalização, informe sobre eventos na cidade e possibilite contato com outras pessoas da rede que estejam por perto. Economia movimentada Foca Lisboa Dentro das instalações deve haver fornecimento de água, energia elétrica e internet sem fio. O projeto propõe a construção de um reservatório para receber o esgoto produzido no interior da cápsula, similar aos recipientes utilizados em navios. O viajante teria o mesmo nível de conforto oferecido por hotéis convencionais, com a vantagem de poder conviver mais de perto com habitantes da região, em uma experiência menos impessoal do que aquela oferecida pelos tradicionais meios de hospedagem. À procura de investidores para o projeto, Vasconcelos salienta que a ideia só funcionaria de maneira satisfatória quando fosse atingida uma “massa crítica” de instalações ao redor do mundo. “Para que o serviço se consolide, é preciso que o usuário encontre cápsulas na maior parte dos lugares para onde queira ir.” (Gabriella Praça)
Segundo Vasconcelos (foto), o projeto será capaz de aquecer a economia das comunidades que adotem as cápsulas. “Os próprios moradores poderiam fornecer alimentação, lavagem de roupas e passeios turísticos, por exemplo, para os viajantes instalados nos topos dos edifícios”, aponta. “Dessa forma, além de gerar renda por meio das diárias de hospedagem, as cápsulas movimentariam uma rede de serviços no seu entorno.”
Versáteis, as peças também poderiam ser aproveitadas para situações emergenciais, como um desastre natural que deixasse pessoas desabrigadas, por exemplo. “O projeto foi idealizado para que as cápsulas sejam facilmente montadas por duas pessoas em menos de um dia”, revela o autor. A estrutura proposta é de painéis de fibra de vidro e isopor – combinação de materiais que oferece resistência, leveza e tem baixo custo. “Os painéis possuem baixa condutividade térmica, garantindo um ambiente confortável e independente do clima externo”, informa o arquiteto.