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A banda ‘BrôMc´s’, o primeiro grupo de rap formado por índios no Brasil, se apresenta nesta quarta-feira, às 20h30, na Praça do Mercado. Os integrantes, pertencentes à etnia Guaraní-Kaiowá, viajaram de Mato Grosso do Sul à Diamantina para participar do 44º Festival de Inverno da UFMG. “Mostrar nosso trabalho, nossa língua e o artesanato da aldeia. Dividir o que nós temos. É bem simples o que queremos aqui”, diz o fundador do grupo, Bruno Veron, ainda pouco familiarizado com a língua portuguesa. A ideia nasceu em 2006 quando uma tragédia abalou a tribo dos Guaranís-Kaiowá. Duas jovens foram encontradas mortas, sob suspeita de suicídio, fato que chamou atenção sobre a condição de vida da juventude da aldeia. De acordo com os músicos, problemas relacionados à disputa de terras têm aumentado a tensão entre os indígenas, e o número de suicídios cresceu muito nos últimos anos. A proposta de ‘BrôMc´s’ é usar o rap para conscientizar os jovens da etnia e mostrar aos não indígenas a situação em que vivem. Música de protesto As músicas são cantadas em tupi-guaraní e em português. A intenção dos rappers é alcançar um público cada vez maior por meio de letras que dão visibilidade à problemática indígena. Sem abandonar a língua mãe, reforçam suas raízes e reinventam uma forma de protesto típica das minorias urbanas, o rap. Nas letras, mensagens contra o racismo e o preconceito além reafirmações culturais, traduzem o desejo dos artistas de salvar os jovens Guarní-Kaiowá que já enfrentam problemas com a aproximação da criminalidade. O grupo foi o vencedor da edição 2009 do festival RPB, que consagra novos talentos do rap, o único do gênero no território nacional. (Natália Carvalho)
“O que queremos é passar ideias positivas e tentar mostrar para os jovens do nosso povo que caminhos bons sempre vão existir. Mostrar também qual é o caminho ruim e cultivar um objetivo na vida”, completa Veron.