O material, que será analisado no Brasil, no Núcleo de Genética Médica (Gene), integra o projeto We are no race (We R No Race), que pretende demonstrar a inexistência de raças humanas e apresentar modelo de “uma humanidade composta por sete bilhões de indivíduos únicos e singulares em seu genoma e em sua história de vida”, explica o pesquisador. Em diversos trabalhos publicados, Pena defende que por trás da enorme diversidade humana é preciso distinguir “uma espécie única, composta de indivíduos igualmente diferentes e irmãos”. Leia mais aqui e aqui. Nesta entrevista ao Portal UFMG, o geneticista fala sobre o exame a que serão submetidas as amostras e informa que a pesquisa será ampliada na Copa de 2014 e nos Jogos Olímpicos de 2016. Como será a logística do trabalho no local da exposição? Sua equipe vai iniciar o sequenciamento no local? Em que consiste o exame? Leia também: Londres recebe Observatório das Olimpíadas projetado pela UFMG
Gene
Células bucais de mil pessoas, de diferentes nacionalidades, que passarem pela exposição da Seleção Brasileira da Inovação 14bis no espaço Brazil of Heart, em Londres, durante as Olimpíadas, serão coletadas por equipe coordenada pelo geneticista Sérgio Danilo Pena, professor do Departamento de Bioquímica e Imunologia da UFMG.
Serão obtidos dois swabs bucais de mil indivíduos aleatórios, de diferentes nacionalidades. Cada pessoa assinará documento de permissão de estudos genéticos, que serão feitos anonimamente, e informará apenas o seu país de nascimento e o país de nascimento de seus avós. No momento da coleta, o indivíduo receberá uma camiseta com a marca do We R No Race e um código que lhe permitirá identificar o resultado dos seus estudos de ancestralidade genômica em um site de internet, a partir de 1º de novembro de 2012.
Não. Todo o trabalho de exame dos marcadores de DNA será feito no Brasil, no Núcleo de Genética Médica (Gene).
Um dos swabs terá seu DNA extraído para análise de 40 polimorfismos de inserção-deleção do genoma humano e para o cálculo de suas proporções de ancestralidade europeia, africana e asiática e para cálculos da variância genética entre continentes, entre países do mesmo continente e dentro de cada país. O outro swab será mantido congelado e usado no futuro como controle em estudos mais complexos de ancestralidade genômica.
Que tipo de mensagem este projeto levará ao público?
A inexistência de raças humanas e um modelo de uma humanidade composta por sete bilhões de indivíduos únicos e singulares em seu genoma e em sua história de vida. Dentro deste modelo, o conceito de raças se dissolve, pois verificamos que somos todos igualmente diferentes! Além disso, a pesquisa será o prelúdio para estudos maiores a serem feitos na Copa de 2014 e nos Jogos Olímpicos de 2016. Queremos apresentar o Brasil como um país aberto e cordial, onde indivíduos de todo o mundo, atletas e público, serão recebidos como irmãos, sem medo de serem alvos de qualquer discriminação. Todos devem esperar ser bem-vindos nesse Brasil multicolorido.