A Casa das Imagens lançou uma proposta inusitada para hoje, aos participantes do 44º Festival de Inverno da UFMG, em Diamantina: um dia sem câmeras. A ideia é que tanto profissionais quanto amadores deixem seus equipamentos de fotografia e vídeo em casa e participem dos eventos do Festival com “olhar livre”.
O coordenador da Casa das Imagens, André Brasil, professor do Departamento de Comunicação Social da UFMG, explica que a proposta nasceu da percepção, compartilhada por várias pessoas, de que há um exagero na produção de imagens durante os eventos e atividades. “Começamos a desconfiar de que as pessoas estavam se eximindo de viver o momento para fazer o registro. É como se o registro fosse mais importante do que a experiência de vivenciar o que está acontecendo”, diz.
Ele ressalta que a campanha não é uma proibição e que os proponentes não são contra as imagens. O objetivo principal é que as pessoas não façam fotografias e vídeos por fazer, mas pensem nas imagens que estão sendo produzidas, de que maneira isso acontece, qual será seu destino e sua utilização. “Não estamos nos colocando contra as imagens. É apenas um jejum, uma redução, um momento de acalmar as câmeras, que estão muito vorazes”, pontua.
De acordo com André, a campanha quer suscitar a discussão entre as pessoas e isso já está acontecendo, uma vez que, desde o lançamento da proposta, muitos já o procuraram para falar sobre o assunto. “Não vamos ficar vigiando as pessoas para que não façam imagens. O sucesso da campanha está mais na discussão do que na ausência de câmeras nos eventos”, enfatiza o coordenador.
Casa das Imagens
Em atenção ao espírito de acolhimento e hospitalidade que rege a relação entre os saberes e as práticas, as atividades do 44º Festival de Inverno da UFMG foram distribuídas em seis núcleos, chamados de Casas: Casa da Cidade, Casa da Memória Chica da Silva, Casa da Palavra, Cada das Imagens, Casa do Corpo, Casa dos Cantos e da Escuta. Cada uma reúne grupos de trabalho e congrega um conjunto de iniciativas distintas, mas também partilhados com outras Casas em certas ocasiões, sob a forma de espetáculos, performances, shows, seminários, intervenções e mutirões.
Segundo André Brasil, a Casa das Imagens foi pensada, desde o início, para trabalhar em conjunto com as outras Casas. A Casa abriga a produção de vídeo-documentários e intervenções audiovisuais, além de organizar mostras e exibições de filmes em espaços públicos. Os participantes dos grupos de trabalho se valem das experiências vividas ao longo do Festival e das culturas presentes para pensar a produção e exibição de imagens. “A Casa das Imagens se propõe não só a fazer imagens, mas também a pensar sobre elas”, assinala.
A ideia é que haja um desdobramento do trabalho após o Festival, com a produção de material para utilização principalmente em escolas.
A Casa das Imagens está instalada no Mercado Velho, no centro histórico de Diamantina.