Universidade Federal de Minas Gerais

Banquete final celebra o trabalho conjunto entre Casa da Cidade e Mulheres Reais

segunda-feira, 23 de julho de 2012, às 16h53

Bruna Brandão
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Mulheres Reais é uma associação composta por oito moradoras da região periférica de Diamantina, com sede no Bairro Gruta de Lourdes. O coletivo atua na produção de quitandas típicas da região para vender em feiras livres e como merenda em escolas municipais. Elas se uniram para construir uma fonte de renda que pudesse garantir um futuro melhor para suas famílias e sua comunidade.

Em reconhecimento ao trabalho dessas mulheres, o Festival de Inverno criou o grupo Banquete Público, com a proposta de compartilhamento de receitas, modos de fazer, histórias e saberes, utilizando as potencialidades culinárias locais. Sob coordenação de Breno Silva, arquiteto e artista que possui experiência na realização de projetos de ocupação experimental, e de Patrícia Britto, arquiteta consultora do Miliguim, organização que atua no campo das políticas públicas de cultura, o grupo realizou banquetes diários. “A proposta consiste na mistura. Mistura de alimentos, de pessoas e de ideias. Mantivemos o foco na alimentação tradicional, buscamos receitas antigas e nos lembramos das nossas mães e avós” explicou Patrícia Britto, que já desenvolveu projetos semelhantes em outras cidades.

Desde o primeiro dia de Festival, membros da Casa da Cidade, quitandeiras e coordenadores desenvolveram e testaram, juntos, receitas cujos produtos foram apresentados no banquete final, que aconteceu na tarde de ontem. O evento teve caráter de celebração, e envolveu amplamente a comunidade. Ônibus de tarifa zero se encarregaram de levar participantes e moradores ao local. Pães, doces , sucos e quitutes salgados foram servidos ao público, que aplaudiu avidamente as quitandeiras. “Passamos por muitas dificuldades para conseguir montar a associação", contou a integrante Conceição Silva. "As pessoas não acreditavam em nós, não conseguíamos comprar os instrumentos que precisávamos porque achavam que a gente não ia pagar. Vendo o resultado desse grupo, hoje, e os aplausos que recebemos, é impossível não chorar de emoção”, revelou.

As atividades do grupo de trabalho devem prosseguir para além do festival. A amizade entre as oito mulheres e os coordenadores renderá outros trabalhos em comum. “Nossa união não vai parar por aqui, além da amizade que construímos, que será eterna, eu pretendo levar o projeto delas para o Ministério da Cultura, para que recebam apoio do Governo e possam ter sede própria, vários fogões e fornos novos. Essa é a discussão que já estamos fazendo a partir da experiência do Festival”, revela Patrícia Britto.

(Natália Carvalho)