A professora Carolina Cavalieri Gomes, do Departamento de Patologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), é uma das sete ganhadoras do prêmio ABC/L'Oréal/Unesco para Mulheres na Ciência, que este ano abordou o tema sustentabilidade. Com o projeto Efeito da radiação emitida pelos aparelhos de telefone celular nas glândulas parótidas, Carolina Cavalieri Gomes pretende avaliar se o uso do telefone celular está associado a alterações moleculares nessas estruturas. “Ao utilizar o celular, o contato com a face se dá sobretudo na região pré-auricular, onde se localiza a glândula parótida”, comenta a pesquisadora. O estudo será realizado por meio da coleta de saliva de voluntários que declaram utilizar o aparelho preferencialmente em uma das faces. “As amostras, coletadas de ambas as parótidas de cada indivíduo, serão comparadas para que se possa observar se há alterações moleculares na saliva da parótida que normalmente está exposta a radiação emitida pelo aparelho celular”, esclarece a professora. Segundo ela, celulares emitem sinais via ondas de rádio que são compostos de energia de radiofrequência (RF), uma forma de radiação eletromagnética. “Todos os telefones celulares emitem certa quantidade dessa radiação. Dada a proximidade entre o aparelho e a cabeça, é possível que a radiação cause algum tipo de dano aos usuários”, explica. De acordo com a pesquisadora, existem estudos que avaliam o impacto das ondas eletromagnéticas do celular em outras regiões da cabeça. Em 2011, o grupo representante da Organização mundial de Saúde (WHO) e da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) divulgou oficialmente que o uso de aparelhos celulares é “possivelmente carcinogênico”, baseando-se na maior frequência de gliomas em indivíduos usuários de telefones celulares. “Nosso desenho de estudo, envolvendo glândulas parótidas, é inédito no campo científico”, destaca. Estima-se que atualmente 5 bilhões de pessoas possuam telefone celular. “O que se discute no cenário científico é exatamente a quantidade de radiação considerada nociva e se há algum efeito potencial em longo prazo causado pela exposição a ela”, ressalta. Assim, a pesquisa, que está em fase inicial, pretende detectar se há relação entre o uso do celular e alterações moleculares nas células dessas glândulas. Outra pesquisa, esta desenvolvida na Escola de Engenharia da UFMG discute possíveis efeitos nocivos da radiação de celulares para a saúde humana. Leia mais em reportagem do Boletim UFMG. O prêmio Cada uma das sete pesquisadoras que tiveram o seu trabalho científico reconhecido será agraciada com 20 mil dólares, para investir em suas infraestruturas de pesquisa e em seu crescimento profissional.
Iniciativa da L’Oréal Brasil em parceria com a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Unesco, o Programa Para Mulheres na Ciência foi criado em 2006 com a missão de ceder espaço e apoio à participação das mulheres brasileiras no cenário científico do país. A cada edição, o trabalho de sete jovens pesquisadoras é premiado. Este ano concorreram mais de 300 projetos de todo o país.