Uma técnica cirúrgica oftalmológica inédita, desenvolvida na UFMG, foi premiada na cerimônia de abertura do Euretina 2012, congresso europeu da área, no último dia 6 de setembro, em Milão, na Itália. O professor Márcio Nehemy (à direita, na foto), do Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina, recebeu o prêmio das mãos do presidente da Sociedade Europeia de Retina, Gisbert Richard. “A técnica traz a solução para casos de pessoas operadas de descolamento de retina que não obtiveram sucesso”, afirma Nehemy. Segundo ele, em aproximadamente 5% das intervenções, um líquido usado como “ferramenta cirúrgica”, o perfluorocarbono, pode ficar embaixo da retina e impedir a recuperação da visão. Ao mesmo tempo em que drena esse resíduo, a nova técnica remove membranas que se proliferam na retina e prejudicam a capacidade visual. Para Nehemy, além de criativa, a técnica é “elegante”. “É uma cirurgia minimamente invasiva, feita por meio de três microcortes na retina, de meio milímetro cada. Usamos pinças muito delicadas para retirada das membranas e agulhas finíssimas, com calibre semelhante a um fio de cabelo”, descreve. A operação dura em média uma hora e meia e é feita sob anestesia local. No dia seguinte ao procedimento, o médico já pode ter uma ideia do resultado e a recuperação completa do paciente se dá ao longo de 90 dias. Três pessoas já foram submetidas à cirurgia, com sucesso, no hospital São Geraldo, que integra o complexo do Hospital das Clínicas da UFMG. “Sem essa técnica, eles não teriam recuperado a visão”, afirma Nehemy. Descolamento de retina Na maioria das vezes, o descolamento ocorre de forma espontânea, em razão do enfraquecimento da retina. O problema atinge cerca de 1% dos pacientes operados de catarata e pessoas que já nascem com predisposição genética, com uma retina mais fina. Indivíduos míopes também são mais vulneráveis. Já a principal causa externa é o trauma, como uma bolada ou um soco. Nesses casos, o risco é ainda maior quando há perfuração do olho. (Assessoria de Comunicação da Faculdade de Medicina)
A retina é uma membrana fina que reveste o olho por dentro e contém as células fotosensíveis, que captam a imagem e a enviam para o cérebro. Quando está descolada, a retina deixa de funcionar. Para haver recuperação da visão, a retina deve ser recolocada na sua posição original, por meio de uma cirurgia. Em alguns casos, entretanto, ocorre a formação de membranas no interior do olho, o que diminui a possibilidade de sucesso com as técnicas tradicionais. Líquidos residuais que permanecem abaixo da retina também impedem o seu funcionamento adequado.