“A técnica traz a solução para casos de pessoas operadas de descolamento de retina que não obtiveram sucesso”, afirma Nehemy. Segundo ele, em aproximadamente 5% das intervenções, um líquido usado como “ferramenta cirúrgica”, o perfluorocarbono, pode ficar embaixo da retina e impedir a recuperação da visão. Ao mesmo tempo em que drena esse resíduo, a nova técnica remove membranas que se proliferam na retina e prejudicam a capacidade visual. Para Nehemy, além de criativa, a técnica é “elegante”. “É uma cirurgia minimamente invasiva, feita por meio de três microcortes na retina, de meio milímetro cada. Usamos pinças muito delicadas para retirada das membranas e agulhas finíssimas, com calibre semelhante a um fio de cabelo”, descreve. A operação dura em média uma hora e meia e é feita sob anestesia local. No dia seguinte ao procedimento, o médico já pode ter uma ideia do resultado e a recuperação completa do paciente se dá ao longo de 90 dias. Três pessoas já foram submetidas à cirurgia, com sucesso, no hospital São Geraldo, que integra o complexo do Hospital das Clínicas da UFMG. “Sem essa técnica, eles não teriam recuperado a visão”, afirma Nehemy. Descolamento de retina Na maioria das vezes, o descolamento ocorre de forma espontânea, em razão do enfraquecimento da retina. O problema atinge cerca de 1% dos pacientes operados de catarata e pessoas que já nascem com predisposição genética, com uma retina mais fina. Indivíduos míopes também são mais vulneráveis. Já a principal causa externa é o trauma, como uma bolada ou um soco. Nesses casos, o risco é ainda maior quando há perfuração do olho. (Assessoria de Comunicação da Faculdade de Medicina)Uma técnica cirúrgica oftalmológica inédita, desenvolvida na UFMG, foi premiada na cerimônia de abertura do Euretina 2012, congresso europeu da área, no último dia 6 de setembro, em Milão, na Itália. O professor Márcio Nehemy (à direita, na foto), do Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina, recebeu o prêmio das mãos do presidente da Sociedade Europeia de Retina, Gisbert Richard.
A retina é uma membrana fina que reveste o olho por dentro e contém as células fotosensíveis, que captam a imagem e a enviam para o cérebro. Quando está descolada, a retina deixa de funcionar. Para haver recuperação da visão, a retina deve ser recolocada na sua posição original, por meio de uma cirurgia. Em alguns casos, entretanto, ocorre a formação de membranas no interior do olho, o que diminui a possibilidade de sucesso com as técnicas tradicionais. Líquidos residuais que permanecem abaixo da retina também impedem o seu funcionamento adequado.