Universidade Federal de Minas Gerais

Em livro, pesquisadores da Fafich e da PUC Minas analisam o jornalismo para além da notícia

quarta-feira, 19 de setembro de 2012, às 8h19

Carlos%20Alberto%20de%20Carvalho%20-%20Bruna%20Brand%E3o.jpgO que é o jornalismo? A resposta a essa questão tem sido comumente deflagrada pela definição do que é notícia, o que se percebe sem dificuldade ao passar os olhos por títulos de obras sobre o tema. De acordo com o professor Carlos Alberto de Carvalho [na foto de Bruna Brandão/UFMG], do Departamento de Comunicação Social da Fafich, há muito mais para se compreender quando se pretende teorizar sobre o jornalismo. “A notícia pode ser tomada como o ponto de partida, mas não é o trajeto inteiro nem o ponto de chegada na investigação sobre o jornalismo”, ele sentencia.

Essa convicção é uma das que norteiam o livro recém-lançado Jornalismo: cenários e encenações, coletânea de artigos de Carlos Alberto de Carvalho e Mozahir Salomão Bruck, professor da PUC Minas. Os textos, que sintetizam estudos recentes dos dois pesquisadores, foram escolhidos em função de aproximações entre as abordagens, que buscam mostrar que o jornalismo é “um ator social que negocia sentidos com outros atores”, nas palavras do professor da UFMG. “Ele não se encontra isolado construindo o mundo, e muito menos construindo a notícia”, afirma Carvalho.

Ele defende que se abandone a perspectiva redutora que limita a análise do jornalismo, por exemplo, a aspectos técnicos da formulação da notícia ou a parâmetros de noticiabilidade que ficaram perdidos no tempo. “A ideia de noticiabilidade está em suspenso. Se no passado a divulgação de um evento ou de uma promoção resultava da ação de assessorias fortemente integradas ao sistema produtivo das mídias, atualmente isso não é mais necessário. Muitas vezes movimentos de mobilização pelas redes sociais, iniciativa de anônimos, conseguem grande visibilidade e viram notícia”, explica o pesquisador, mencionando também a força de eventos como ocupações de trabalhadores sem-terra e paradas do orgulho gay.

Ética e linguagem
Casos como o do ex-ministro Rubens Ricúpero – flagrado por antenas parabólicas dizendo, em off antes de uma entrevista, “o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde” – ilustram análise em torno de uma dimensão ética do jornalismo como ator social. “Quando vem a público, uma história como essa faz muito mais do que revelar os bastidores da televisão; ela põe a nu a relação entre os jornalistas e suas fontes”, observa Carvalho.

Em artigo que assina com Fabio Seletti de Almeida, o professor da Fafich explora metáfora que remete ao mundo do teatro para mostrar como também o jornalismo não acontece apenas no palco (região de frente), mas também na coxia (região de fundo), com acertos ocultos entre repórteres e fontes. O tema é abordado também em texto de Mozahir Bruck, que faz referência a métodos não ortodoxos utilizados por repórteres policiais para conseguir confissão de um colega de profissão acusado de assassinato.

Além da dimensão ética – que extrapola regras contidas nos códigos formais – e da análise que transcende a notícia, refletir sobre o jornalismo exige, de acordo com os autores, atenção mais detida para as formulações e construções que atravessam a linguagem em narrativas do mundo mais ou menos elaboradas, das notas curtas às grandes reportagens.

Carlos Alberto de Carvalho aponta, em um de seus artigos, a importância de mirar a linguagem na análise da polêmica protagonizada por um articulista e um colunista da Folha de S.Paulo a respeito da criminalização da homofobia. “Para identificar argumentos favoráveis e contrários, é preciso compreender, nesse caso, por exemplo, equívocos na definição de homofobia”, salienta o pesquisador. Ele acrescenta que importa, sim, considerar a dimensão técnica na leitura crítica de um texto, mas é preciso procurar o que aflora a partir de elementos da linguagem.

Segundo ele, a linguagem constrói sentidos, e essa condição se instaura no momento mesmo em que se vai ouvir uma fonte. Carvalho lembra, a propósito, que não era coincidência a presença mais constante no noticiário político de nomes como Leonel Brizola e Antônio Carlos Magalhães, que “dominavam a linguagem, inclusive a jornalística”.

Livro: Jornalismo: cenários e encenações
De Carlos Alberto de Carvalho e Mozahir Salomão Bruck
Editora Intermeios
183 páginas / R$ 30 (preço sugerido)

(Boletim 1790/Itamar Rigueira Jr.)

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