Universidade Federal de Minas Gerais

Itamar Rigueira Jr./UFMG
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Paulo Caramelli: conhecimento que traz novas perspectivas para a educação

Músicos têm maior capacidade de atenção e memória visual, revela pesquisa em neurociências

quinta-feira, 27 de setembro de 2012, às 5h59

O cérebro dos músicos de alta performance apresenta diferenças estruturais e funcionais, como já foi constatado por diversos estudos. Mas será que o treinamento prolongado e intensivo desses artistas proporciona vantagens cognitivas em outras áreas, como a do processamento visual? Pesquisa realizada no âmbito do Programa de Pós-graduação em Neurociências revela que sim: os músicos mostraram melhor desempenho em atenção e memória visual.

Os resultados da pesquisa serão mostrados no próximo sábado, 29, durante o 6º Simpósio de Neurociências da UFMG, pelo professor Paulo Caramelli, da Faculdade de Medicina da Universidade. Ele orientou a tese Efeito do treinamento musical em capacidades cognitivas visuais: atenção e memória, defendida este ano pela bióloga Ana Carolina Oliveira e Rodrigues. A pesquisa foi co-orientada pelo professor Mauricio Loureiro, da Escola de Música da UFMG.

A pesquisadora aplicou testes em 38 músicos – membros permanentes das orquestras Sinfônica e Filarmônica de Minas Gerais – e 38 não músicos, profissionais e estudantes de diversas áreas do conhecimento. Os grupos, equiparados em relação a faixas etárias, gênero e escolaridade, foram submetidos a cinco testes neuropsicológicos: três de atenção visual, um de memória visual e outro de tempo de reação simples, que avaliaram tempo de reação e acurácia. As provas foram desenvolvidas com auxílio de software desenhado especialmente para esse tipo de finalidade. “A vantagem desse tipo de teste aplicado por computador é que é possível avaliar desempenhos por porcentagem de acertos e comparar tempo de reação com muita precisão”, explica Paulo Caramelli.

De acordo com Ana Carolina Rodrigues, os músicos mostraram melhor desempenho em quatro variáveis dos três testes de atenção visual (envolvendo tempo de reação e acurácia) e em três variáveis do teste de memória visual (envolvendo apenas tempo de reação). Segundo a pesquisadora, esse resultado não pode ser explicado apenas por melhor integração sensório-motora por parte dos músicos, já que não houve diferença entre os grupos no teste de tempo de reação simples.

“Os dados apresentam indícios de correlações significativas entre as capacidades de atenção e memória visuais e dois fatores relacionados à experiência musical: a idade de início dos estudos e o tempo de estudo com instrumento por dia”, afirma Ana Carolina. Segundo ela, os desempenhos tendem a ser melhores quanto mais cedo os músicos começaram a estudar e quanto mais intenso é o treinamento.

Seletiva, sustentada e dividida
Os 76 indivíduos foram submetidos a três tipos de testes de atenção: seletiva (em que deve ser detectado um estímulo entre outros); sustentada (a ênfase é no tempo prolongado) e dividida (com estímulos simultâneos). No teste de atenção seletiva, não houve diferença entre músicos e não músicos quanto ao tempo de reação, mas os músicos foram significativamente mais precisos.

Na atenção sustentada, não houve diferença importante em termos de acurácia, mas os músicos demonstraram tempo de reação menor – provavelmente porque, acostumados a longas performances, eles tendem a manter a concentração por mais tempo. Considerado o mais difícil, o teste de atenção dividida teve melhor desempenho por parte dos músicos, especialmente com relação à tarefa secundária, aquela em que se percebe ou não uma imagem em segundo plano. Esse resultado estaria relacionado à habilidade dos músicos de orquestra de atender a estímulos diversos, como a partitura, os movimentos do maestro e dos outros músicos.

O grupo de músicos foi composto por instrumentistas de corda e sopro, e a comparação entre esses dois subgrupos não revelou diferença significativa em memória visual, atenção visual e tempo de reação simples. “Isso sugere que atividades comuns à rotina profissional de todos os músicos seriam os fatores determinantes, e que as demandas cognitivas seriam similares, independentemente do tipo de instrumento. Mas os dados não são conclusivos”, comenta Ana Carolina Rodrigues.

Segundo o professor Paulo Caramelli – que pesquisa cognição em doenças neurológicas sobretudo vinculadas ao envelhecimento –, estudos como esse, ao medir implicações de habilidades relacionadas à música no funcionamento cognitivo do cérebro, proporcionam valiosa informação de ordem neuropsicofisiológica. Ele destaca também a importância da pesquisa para as áreas da saúde e da educação. “Não sabemos se é qualquer tipo de educação musical que traz vantagens para o cérebro, e não se trata de levar todas as crianças para integrar orquestras, mas o conhecimento das relações entre o treinamento musical e a capacidade cognitiva em áreas que não a da audição abre novas perspectivas para a gestão educacional”, afirma.

Leia mais sobre os eventos de neurociências em reportagem do Boletim UFMG e sobre estudos com a maconha em matéria deste portal.

(Itamar Rigueira Jr.)

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