Márcio Brigatto |
Fragmentos de arte e pensamento, diversidade de discursos, linguagens e suportes. “Invadir” a Universidade com perspectivas e olhares não acadêmicos e viabilizar diálogos. Eis a proposta do projeto Retratos de artista: molduras do pensamento, série de quatro encontros com artistas nacionais centrados na relação entre arte e pensamento, promovida pelo Centro de Extensão (Cenex) da Fafich. Aberta ao público, a série começa nesta terça-feira, 13 de novembro, com o pintor e escultor mineiro Carlos Bracher, que abordará o tema Vida e criação, a partir de 14h, no auditório Sônia Viegas. “A ideia é colher e compartilhar posições e impressões de artistas sobre temas que transitam no meio acadêmico, a partir das referências dos seus trabalhos e dos campos aos quais se dedicam”, explica o coordenador do Cenex, professor Renarde Freire Nobre, do Departamento de Sociologia e Antropologia da Fafich. A iniciativa surgiu do desejo da diretoria da Fafich de fazer do Cenex uma ‘casa da cultura’ por meio da promoção de atividades que facilitem o diálogo entre as comunidades acadêmica e a externa, sempre procurando firmar parcerias. “A Universidade deve ser espaço de recepção de conhecimentos e informações provenientes de outros universos, nossa ideia é promover intercâmbios, na perspectiva de abrir a UFMG para outras fontes de apreensão do mundo”, argumenta o coordenador. Os artistas foram escolhidos, segundo Renarde Nobre, por causa da diversidade de olhares e percepções e da fecundidade de suas reflexões. “São pessoas de campos artísticos diferentes e que, de um modo ou de outro, têm expressado pensamentos a respeito do seu ofício ou sobre temas relativos ao mundo artístico”, comenta ele. Arte generosa “Busco inspiração na vida, toda arte é centrada na dinâmica da vida, dos sentimentos, do dia a dia. A arte se liga essencialmente à vida que é o seu grande manancial. Pretendo estabelecer um paralelo mais profundo e filosófico entre vida e criação”, adianta. Para o artista, o convite para abrir a série é oportunidade única de compartilhamento de experiências. “A Universidade não pode ficar isolada, hermética, tem que fazer essa interação de artistas e a comunidade. Essa série proposta pela UFMG é uma ideia simples, profunda e muito rica, que permite ao artista ir para a sala de aula. Já pensou se o Van Gogh ou o Rodin tivessem ido mais às universidades, como isso teria sido uma oportunidade de aproximar a arte e compartilhar com as pessoas?”, indaga ele, para quem “arte é ceder uma parte de si, de sua história, enfim, a arte é generosa”. Até 22 de novembro, o artista, de 72 anos, expõe parte de sua obra na Basileia, na Suíça, terra de seus ancestrais, e considerada a capital cultural do país. A retrospectiva, que leva seu nome, inclui 48 pinturas executadas nos últimos 50 anos, escolhidas pelo próprio Carlos Bracher. A retrospectiva já passou por Moscou, Bruxelas, Luxemburgo, Praga, Frankfurt e Dusseldorf e ainda será levada à Itália, Suécia e França. Com mais de dez mil obras, Bracher é um dos artistas brasileiros que mais expuseram trabalhos no exterior. As obras apresentadas na Suíça estão reunidas neste catálogo. Outras molduras (Zirlene Lemos/Assessoria de Comunicação da Pró-reitoria de Extensão)
“Encontrei-me com Minas Gerais através da pintura de Carlos Bracher. É o maior elogio que, de coração, lhe posso fazer". Foi o que escreveu Carlos Drummond de Andrade em 1979, quando Bracher acabara de completar 39 anos. A experiência adquirida em mais de 50 anos dedicados às artes plásticas forjou em Carlos Bracher um pensamento original sobre a criação e a necessidade de uma arte visceral e verdadeira.
A série continua no dia 20 com o cantor e compositor paulistano Rômulo Froes, que vai falar sobre os novos caminhos da música brasileira. No dia 27 será a vez de Wilson de Oliveira, diretor do grupo teatral Encena, professor de Artes Cênicas na Universidade Federal de Ouro Preto. O ciclo se encerra no dia 4 de dezembro com Lourenço Mutarelli, ator e dramaturgo que abordará a literatura e o riso.