Universidade Federal de Minas Gerais

Bruna Brandão
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Daniela, Maria das Graças e Perini: tendência não detectada pelos ensaios

Ensaios clínicos não registram risco de trombose da heparina, aponta pesquisa da Faculdade de Farmácia

segunda-feira, 12 de novembro de 2012, às 5h53

Ensaios clínicos que investigam a eficácia de medicamentos nem sempre avaliam de forma adequada a segurança desses produtos. Um desses casos é esmiuçado em tese de doutorado recém-defendida pela farmacêutica Daniela Rezende Garcia Junqueira, segundo a qual estudos sobre o anticoagulante heparina não registram a tendência de o medicamento provocar um tipo de trombose, a Trombocitopenia Induzida por Heparina (TIH).

“Trata-se de um fármaco importante, que precisa ser usado com o conhecimento desse risco”, explica ela, que se surpreendeu ao perceber que os testes realizados com todo o aparato laboratorial disponível deixam de focalizar essa reação adversa grave e comum.

No principal artigo que compõe a tese, a farmacêutica registra que recuperou mais de 800 estudos relacionados ao uso de heparina em pacientes pós-cirúrgicos. “Desses, 50 eram potencialmente relevantes, mas somente dois acompanhavam os pacientes de modo adequado para o risco de TIH”, relata. Segundo o co-orientador do trabalho, professor Edson Perini, ensaios clínicos são experimentos para avaliar eficácia e segurança de medicamentos, permitindo às indústrias aprovar produtos para comercialização.

O problema é que a detecção de reações adversas não figura no elenco de prioridades desses ensaios. “Quem não procura não acha”, critica Perini, coordenador do Centro de Estudos do Medicamento (Cemed), no âmbito do qual foi realizada a pesquisa de Daniela Junqueira.

A autora da tese explica que, apesar de a heparina ter sido o principal instrumento no manejo de alterações tromboembólicas por mais de meio século, o fármaco vem despertando grande interesse para o sistema de farmacovigilância “em função de recentes circunstâncias comerciais e clínicas, que demonstram um necessário alerta referente à sua utilização”.

Suína ou bovina
Ao analisar o mercado farmacêutico brasileiro, Daniela Junqueira identificou outra falha relacionada à heparina – a ausência de referências à origem do medicamento, que pode ser isolado e extraído da mucosa intestinal de suínos ou do tecido pulmonar bovino. Segundo a pesquisadora, as diferenças quanto ao perfil de segurança entre esses fármacos indica necessidade de acompanhamento do tratamento e da resposta dos pacientes.

A autora do estudo explica que a origem biológica é fator pouco explorado nas diretrizes de dose e posologia, embora a fonte animal do medicamento altere seu perfil de efetividade e segurança. “A heparina bovina e a suína não são fármacos equivalentes. A bovina possui maior grau de sulfatação de seus compostos, e isso determina efeitos distintos na coagulação”, assegura, ao destacar que a decisão sobre qual tipo de heparina usar pode ser influenciada por reações adversas tais como a trombose.

Para a orientadora do estudo, professora Maria das Graças Carvalho, do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de Farmácia, ao utilizar o método de revisão sistemática, trabalhos como o de Daniela cumprem a função de “sumarizar a vasta literatura médica acerca de determinado assunto e identificar áreas carentes de pesquisa científica”.

A orientadora lembra que os profissionais de saúde e a própria comunidade científica dependem de pesquisas desse tipo, sobretudo diante do número crescente de publicações em todo o mundo.

A tese foi desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da UFMG, com sanduíche na Universidade de Sydney (Austrália). Já a revisão sistemática foi realizada em parceria com a organização The Cochrane Collaboration, que mantém rede colaborativa internacional focada nesse tipo de processo, com mais de cinco mil estudos publicados, a maioria dos quais concentrada em intervenções na área da saúde.

Perini destaca a recente fundação de grupo metodológico na Cochrane para promover a inclusão de dados sobre efeitos adversos nas revisões da organização, área ainda em desenvolvimento e que, segundo ele, necessita de robusto aparato metodológico.

Informações
Criado em 1991, subordinado ao Departamento de Farmácia Social, o Centro de Estudos do Medicamento (Cemed) desenvolve investigações epidemiológicas sobre o consumo de medicamentos e orienta a conduta terapêutica visando à redução dos riscos de iatrogenias – doenças, efeitos adversos ou complicações resultantes de tratamentos.

No Cemed são desenvolvidas pesquisas e trabalhos de formação de recursos humanos, além da divulgação, para profissionais de saúde e para a população, de informações sobre a utilização de medicamentos e seus riscos. Um dos instrumentos de divulgação é este blog .

Tese: Desafios metodológicos em estudos populacionais: um olhar epidemiológico sobre dois problemas de saúde

Autora: Daniela Rezende Garcia Junqueira

Defesa: 25 de outubro, junto ao Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas

Orientadora: Maria das Graças Carvalho

Co-orientador: Edson Perini

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