Acervo Escola de Veterinária/UFMG |
Processo desenvolvido por pesquisador da Escola de Veterinária alcança eficiência superior a 95% no tratamento de efluentes de abatedouros. O sistema funciona por meio de processo anaeróbico semelhante aos biodigestores tradicionais. “O esgoto é recebido em tanque de configuração geométrica e dimensionamento específicos que levam a duas premissas básicas no tratamento de esgoto – alta concentração de biomassa (tratamento biológico) e contato entre microrganismos e matéria orgânica”, explica o autor do trabalho, professor Luciano Rodrigues, do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva. UASB Ele explica que o sistema, antes usado para esgoto doméstico, foi adaptado para agroindústrias e produções agropastoris. “O processo utilizado é contínuo, ou seja, quando o abate é iniciado, o esgoto passa pelo sistema de tratamento e já é lançado no solo ou no corpo d’agua com a redução dos rejeitos”, informa. Geometricamente dimensionado, utiliza estrutura chamada separador trifásico, que canaliza todos os gases gerados no processo biológico de decomposição para determinado ponto do reator, e separa o gás do sólido, esclarece Luciano. “O avanço do sistema é justamente a presença de um separador de sólidos, que os métodos tradicionais de lagoas e biodigestores não têm, fazendo com que esse tratamento seja muito mais rápido”, destaca o professor. Testes Na empresa de Sete Lagoas são abatidos três mil frangos por dia, o que gera em torno de 24 mil litros de esgoto diariamente. Já no frigorífico misto (bovino e suíno) na cidade de Matosinhos são gerados cerca de 200 mil litros. Luciano Rodrigues comenta que além de atender a legislação, o sistema não consome energia elétrica. “Desde que se tenha condição adequada de relevo, o esgoto é encaminhado por gravidade, sem precisar de bomba elétrica”, ressalta. A única manutenção que o método requer é na peneira, etapa do tratamento na qual ocorre a remoção do sólido grosseiro. Esse resíduo deve ser retirado com pá, colocado em galão específico e mandado para a disposição de resíduos sólidos. O custo depende do material a ser utilizado, do tamanho do sistema, da região e da mão de obra. “Porém, é equivalente aos outros sistemas utilizados”, assegura. Os dois projetos desenvolvidos por Luciano Rodrigues são utilizados nas aulas da graduação e da pós-graduação em Ciência Animal. “Todo semestre os alunos fazem visitas a esses sistemas, assim eles têm a oportunidade de conhecer o que é novo e atual” afirma Luciano. (Assessoria de Comunicação da Escola de Veterinária)
Segundo o pesquisador, o sistema consiste em um reator UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket), “o mais novo e avançado de tratamento de água residuária”. Além de ocupar menos espaço, em termos de remoção de poluente alcança eficiência bem maior que os sistemas tradicionais usados na agropecuária, assegura, ao ressaltar que a legislação ambiental em vigor exige eficiência mínima de 75%.
Os projetos de concepção e acompanhamento de sistemas de tratamento de efluente foram desenvolvidos com base em estudos realizados no abatedouro Frango da Hora, em Sete Lagoas, e no Tornelli Frigorífico Gourmet Ltda, na cidade de Matosinhos.