Enfermeiros, médicos e demais profissionais da saúde recebem com atenção seus pacientes. Ouvem com paciência suas queixas, conversam, cuidam, direcionam. Integrante do programa Saúde da Família, criado em 2004, essa estratégia, chamada de acolhimento, vem mostrando resultados positivos no atendimento primário à saúde. É o que aponta a tese de doutorado realizada na Faculdade de Medicina da UFMG a partir do estudo com 384 crianças do município de Diamantina, usuárias das unidades de saúde da família. Ao pesquisar o acolhimento infantil, a enfermeira Liliane Ribeiro avaliou o acesso e a postura dos profissionais de saúde frente aos responsáveis pelas crianças. “O acolhimento foi determinado como eixo norteador das equipes de saúde da família pela Política Nacional de Humanização”, afirma. O trabalho, realizado com crianças de zero a seis anos, foi dividido em várias etapas. Em primeiro lugar, a identificação da proporção de crianças cadastradas nas equipes de saúde da família, que têm a Estratégia Saúde da Família como serviço preferencial de consulta. Em seguida, a pesquisadora avaliou a forma de o profissional receber, escutar e se aproximar de quem cuida e de quem é cuidado. Fatores externos que levavam à seleção do tipo de atendimento por parte das famílias também foram considerados. Os resultados apontam as unidades de saúde da família como o serviço de referência para o atendimento, com 77,6% dos casos, ficando os consultórios específicos privados com 13,3%. A principal motivação da busca por atendimento em unidades públicas é o serviço. Dentre as famílias acompanhadas, 61% destacaram esse ponto, seguidos de 25% que recorriam ao serviço por causa do enfermeiro, e 12,5%, pelo médico. Interação satisfatória De acordo com a autora, o acolhimento é um dos pilares da Política Nacional de Humanização e contribui diretamente com a consolidação da Estratégia de Saúde da Família como responsável pela reorganização da atenção primária. Por isso, torna-se necessário que informações como as produzidas em trabalhos desse tipo subsidiem ações direcionadas ao planejamento e à gestão da assistência infantil de equipes de Saúde da Família. O acolhimento realizado pelo profissional das equipes de Saúde da Família foi considerado positivo. Dentre os responsáveis pelas crianças avaliadas, 74,2% consideram que o profissional entende o que eles dizem e fazem perguntas, e 79,2% respondem de forma que facilita o entendimento por parte do cuidador. A facilidade de acesso ao profissional, apontada por 77,2% dos responsáveis, e a abertura para iniciar um diálogo, reconhecida por 73,8% dos usuários, são outros resultados positivos apurados pelo levantamento. Tese: Avaliação da prática do acolhimento às crianças de 0 a 6 anos em unidades de saúde da família. (Assessoria de Comunicação da Faculdade de Medicina)
Para Liliane Ribeiro, os resultados demonstram uma boa direção para os serviços da área. “Pode-se inferir que o acolhimento tem permitido uma interação usuário-profissional satisfatória, imprescindível para um atendimento com qualidade”.
Nível: Doutorado
Autor: Liliane da Consolação Campos Ribeiro
Orientador: Regina Lunardi Rocha
Co-orientadora: Maria Letícia Ramos-Jorge
Programa: Pós-graduação em Ciências da Saúde
Defesa: 28 de setembro de 2012