Fotos Bruna Brandão/UFMG Sediado na residência setecentista do padre inconfidente Carlos Correia de Toledo e Melo, considerada uma das edificações urbanas históricas mais valiosas do Brasil, o museu estava em restauração desde 2010 e passa a abrigar rico acervo retratando o cotidiano de uma casa colonial e o ambiente religioso do século 18, além de exposições temporárias. O pró-reitor de Planejamento da UFMG e coordenador-geral da implantação do museu, João Antonio de Paula, destacou que um dos projetos dos inconfidentes era fundar uma universidade em Minas Gerais. “Esse ideal se materializou com a UFMG, que, ao longo de seus 85 anos, formou muitos dos mais importantes nomes da cultura e da intelectualidade brasileiras. A UFMG cultiva a memória e, como os inconfidentes, também olha para o futuro. A Universidade quer fincar suas raízes em Minas Gerais e, a partir daí, ser uma antena que capta questões vindas de fora.” O pró-reitor salientou que o museu é apenas parte de um complexo que a UFMG está implantando em Tiradentes, reafirmando o compromisso da Universidade de desenvolver Minas Gerais em todos os seus aspectos. “Ao reabrir o museu, estamos reafirmando o compromisso dos ideais mineiros, de liberdade, igualdade e solidariedade.” O Museu Casa Padre Toledo – local onde os inconfidentes mineiros tiveram seu primeiro encontro, em 1788 – é um dos quatro imóveis localizados em Tiradentes que pertencem à Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade, controlada integralmente pela UFMG desde 2008. Os outros são os prédios da Câmara Municipal, da Cadeia Pública e do Centro de Estudos, Galeria e Biblioteca Miguel Lins. Juntos, eles vão compor o campus cultural da UFMG na cidade histórica mineira, localizada a 194 quilômetros de Belo Horizonte. Durante a inauguração, foram assinados três protocolos de intenções. O primeiro diz respeito à cessão em comodato, pela UFMG, do prédio da cadeia ao Instituto Cultural Flávio Gutierrez para instalação do Museu de Sant’Anas. O segundo refere-se à cessão em comodato, pela UFMG, do antigo fórum à Câmara Municipal de Tiradentes, como recompensa pela cessão em comodato, pelo Governo de Minas Gerais, por meio do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), do Solar dos Quatro Cantos, à Universidade, para instalação da Biblioteca de Referência de Estudos do Século XVIII, teor do terceiro protocolo assinado. Restauração O processo de restauração, além de complexo, revelou novos afrescos, com a descoberta, sob camadas de massa e tinta, de pinturas de grande valor histórico e artístico nas paredes e forros, que estão sendo recuperados por profissionais do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor), ligado à Escola de Belas-Artes da UFMG. O museu é formado pelas salas Casa Padre Toledo, Espelhos, Cinco Sentidos, Universo Religioso e Cotidiano, além da sala que abriga a Coleção Brasiliana. O pró-reitor João Antonio de Paula explicou que o acervo ainda não é definitivo. “O acervo definitivo será fruto de um trabalho que está em desenvolvimento. Mas a ideia é que este seja um museu vivo, que se renove e seja local não só de preservação, mas também de pesquisas.” A secretária de Cultura de Minas Gerais, Eliane Parreiras, afirmou que a reabertura do museu é uma forma de manter viva a memória da Inconfidência Mineira. “O Museu Casa Padre Toledo prestará um grande serviço a toda a comunidade mineira e a todo o país, juntamente com os outros equipamentos que vão compor o campus cultural da UFMG em Tiradentes.” Novas tecnologias Assim, pesquisadores e estudantes de áreas diversas – como museologia, arquivologia, história, conservação e restauração de bens móveis, dentre outras – terão à sua disposição novos e importantes equipamentos laboratoriais com o início das atividades do campus cultural. “O campus cultural contará com dois polos, um focado na preservação do patrimônio e outro pensando no futuro, com a utilização de tecnologias de informação e comunicação. Além disso, Tiradentes abrigará uma documentação histórica sobre o século 18 sem paralelo no mundo, que será fonte para pesquisadores de todos os níveis”, salienta João Antonio de Paula.
A cidade mineira de Tiradentes, patrimônio histórico nacional, acaba de ganhar mais uma atração cultural com a reabertura, nesta quarta-feira, do Museu Casa Padre Toledo, restaurado pela UFMG. A inauguração dá início à implantação do campus cultural de Tiradentes, o primeiro do gênero no país. O reitor da Universidade, Clélio Campolina, destacou a importância da iniciativa. “O mundo desenvolvido preserva seu patrimônio histórico. Trabalhamos em conjunto em prol dos interesses da cidade, do estado e do país. O objetivo principal do campus de Tiradentes é, além da preservação do patrimônio e da divulgação da cultura mineira, a instalação na cidade de um centro de pesquisa focado na história do século 18.” A proposta, de acordo com o reitor, é que Tiradentes seja um centro de visitação nacional e internacional, inclusive para fins de pesquisa, tendo em vista que a UFMG é hoje referência mundial nessa área.
Os trabalhos de restauração arquitetônica e artística e a concepção do projeto museológico realizados para a abertura do Museu Casa Padre Toledo foram coordenados pela UFMG e demandaram investimento de cerca de R$ 4 milhões, aportados pela Universidade e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Nos imóveis pertencentes à Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade, a UFMG vai implantar biblioteca sobre o século 18, um museu de arte sacra – com acervo de imagens de Sant’Ana, de propriedade do Instituto Cultural Flávio Gutierrez – e um centro de experimentação para a produção de conteúdos culturais e didáticos multimidiáticos, além do Museu Casa Padre Toledo.
Também participaram da solenidade de inauguração do Museu Casa Padre Toledo o prefeito de Tiradentes, Nilzio Barbosa; o presidente da Câmara Municipal de Tiradentes, Leonardo Matos; a vice-reitora da UFMG, Rocksane Norton; o prefeito de Ouro Preto, Ângelo Osvaldo Santos; Marcos Vinícius Alves, representante do BNDES; o presidente do Iepha-MG, Fernando Cabral; a presidente do Instituto Cultural Flávio Gutierrez, Ângela Gutierrez; Mário Ferrari, representante do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; e o prefeito eleito de Tiradentes, Ralph Justino.
(Assessoria de Imprensa da UFMG)