O reitor Clélio Campolina Diniz viajou em missão à China para formalizar com o governo daquele país a abertura em Belo Horizonte de unidade do Instituto Confúcio, responsável pela difusão do mandarim e da cultura chinesa no exterior, em parceria com a Huazhong University of Science and Technology (HUST), uma das principais instituições de ensino superior da nação asiática. O acordo será firmado nesta segunda-feira, 14, em Pequim, e a instalação do Instituto Confúcio, no campus Pampulha, acontecerá neste ano, quando a UFMG também constituirá seu centro de estudos dedicado a pesquisas sobre a China, envolvendo diversas áreas do conhecimento. O reitor lembrou que a China é o principal mercado de destino das exportações brasileiras, respondendo por 17% das vendas externas do país em 2012, acima dos Estados Unidos (11%) e da Argentina (7,4%). Nesse sentido, o estreitamento dos laços com a nação asiática pode criar promissoras perspectivas econômicas para o Brasil. Na área tecnológica, acrescentou o reitor, a China também apresenta grandes e contínuos progressos em inovação, abrindo oportunidades de cooperação, principalmente para a UFMG, que também tem ativa atuação em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D). “A parceria com a China atende as diretrizes que orientam o nosso plano de internacionalização, calcado na busca de excelência e, ao mesmo tempo, na solidariedade entre as partes”, disse Vargas, que acompanha o reitor na missão oficial à China. Também organizará os exames de proficiência em língua chinesa (o HSK) e a certificação de professores de mandarim. O Instituto Confúcio conduzirá, ainda, diversas iniciativas de intercâmbio linguístico e cultural entre o Brasil e a China. Fundada em 1953, a HUST é uma das principais instituições de ensino superior da China e pilar do sistema inovação do país asiático, abrigando um dos laboratórios nacionais do governo, o de pesquisa e produção de sistemas optoeletrônicos – Wuhan National Laboratory for Optoelectronics (WNLO). Conta com 56 mil estudantes, sendo 19 mil alunos em programas de mestrado e doutorado. A cooperação da UFMG com a HUST será formalizada por meio de acordo suplementar assinado em Wuhan, onde Clélio Campolina estará nos dias 16 e 17 de janeiro. No continente americano, o Instituto Confúcio está presente nos Estados Unidos, Canadá, México, Cuba, Costa Rica, Jamaica, Bahamas, Peru, Colômbia, Equador, Chile, Argentina e Brasil. As representações do organismo no Brasil mantêm parcerias com Unesp, UNB, UFRGS e PUC Rio. A unidade da UFMG terá a mesma configuração das outras, mas a sua criação será acompanhada pela constituição do Centro de Estudos Chineses. “Vamos ampliar o escopo da nossa relação com a China, que contemplará não apenas o campo linguístico e cultural, mas incorporará também pesquisas em diversas áreas do conhecimento”, explicou o reitor. Essas unidades de pesquisa especializadas em determinados países e regiões do mundo têm como objetivo fomentar a internacionalização da UFMG, contribuindo para ampliar a projeção da Universidade no plano externo. Nos últimos tempos, a Universidade tem aprofundado suas relações com instituições de ensino e pesquisa de outros países. Os convênios de cooperação ou intercâmbio acadêmico, por exemplo, saltaram de pouco mais de 150 com 110 universidades estrangeiras, em 2006, para quase 300 com mais de 200 estabelecimentos, em 2012. No mesmo período, o número de estudantes de graduação da UFMG que saíram ao menos um semestre para realizar intercâmbio no exterior quintuplicou, passando de 150 para mais de 800.
“A divisão internacional do trabalho está sendo reconfigurada, com a ascensão de novos atores no cenário geopolítico global, entre os quais a China, que já é a segunda maior economia do mundo. Essa parceria no campo cultural e acadêmico tem importância estratégica tanto para a UFMG quanto para o Brasil”, comentou Clélio Campolina.
Segundo o diretor de relações internacionais da UFMG, Eduardo Viana Vargas, o acordo firmado com o governo chinês é um passo crucial para ampliar a projeção mundial da Universidade, à medida que aumenta e diversifica as possibilidades de cooperação e intercâmbio acadêmico e científico com instituições estrangeiras de primeira linha.
Instituto Confúcio
O convênio será assinado com o Hanban, divisão do Ministério da Educação chinês incumbida dos programas de disseminação do mandarim no exterior. A unidade mineira do Instituto Confúncio executará atividades pedagógicas e culturais, visando ao ensino da língua chinesa e a sua difusão, mediante o treinamento de instrutores do idioma.
Para estruturar o Instituto Confúcio em Belo Horizonte, a UFMG terá como parceiro a Huazhong University of Science and Technology (HUST), localizada em Wuhan, capital da província de Hubei, um dos berços da milenar sociedade chinesa.
O Instituto Confúcio foi criado pelo governo chinês em 2004 para disseminar o idioma e a cultura do país em âmbito mundial, contando hoje com 400 unidades e outras 500 salas de aula em 108 nações. Estima-se que o mandarim seja falado por uma população estrangeira de cerca de 100 milhões de pessoas.
Centros de estudos
O Centro de Estudos dará suporte a pesquisas que tenham como objeto a China ou, ainda, investigadores e instituições chinesas como parceiros, de acordo com Eduardo Vargas. Ele será instituído neste semestre, juntamente com outros três centros: os da América Latina, Índia e Europa. O primeiro centro de estudos criado pela UFMG foi o da África, em novembro de 2012.