Concebida no ano de 2009, a peça reproduz, com humor, o obscuro período que o século 19 representa na história dos surdos. Lembra, entre diversos aspectos, a imposição do oralismo como recurso exclusivo para a comunicação e desenvolvimento do indivíduo e o reconhecimento, afinal, da língua gestual como condição humana do sujeito surdo. De um lado, o espetáculo apresenta o filho surdo agredido pela mãe, influenciada pela ignorância e pelos preconceitos que norteavam a sociedade naquele período. De outro, há o filho surdo estimulado pelo carinho da mãe, obstinada na luta pelo crescimento de ambos. Em meio a isso, aparece também um educador de surdos, defensor do oralismo e cujas convicções vão sendo postas em xeque durante a trama. O educador é interpretado pelo próprio Tales Douglas Moreira. A criação desse último personagem teve como base as histórias de Alexander Graham Bell (1847-1922), que criou um método oralista para que os surdos aprendessem a falar tal como os ouvintes, e do filósofo Aristóteles (384 a.C. -322 a.C.), que defendia que os surdos eram inferiores aos ouvintes por não possuírem linguagem, indignos, portanto, de inclusão na sociedade. O espetáculo terá início ao meio-dia e meia, com entrada franca. Nesta quarta-feira, 24, o projeto Quarta Doze e Trinta recebe, no auditório da Reitoria, o espetáculo teatral Um clamor das mãos em Milão, escrito pelo ator, surdo, Tales Douglas Moreira (foto). A apresentação faz parte do evento Uma viagem ao mundo da Libras, organizado pelo projeto Diálogos de Inclusão.