Foca Lisboa/UFMG |
A interdisciplinaridade na graduação é um grande desafio com o qual a universidade vai se defrontar nos próximos anos. “Não há dúvida sobre a organização da pesquisa, da pós-graduação, da extensão, da internacionalização em todas as suas dimensões, mas existe grande expectativa sobre o que fazer com as graduações”, analisou o reitor Clélio Campolina Diniz, durante a abertura do workshop Interdisciplinaridade na graduação: possibilidades, realizada na manhã desta segunda-feira, no auditório 1 da Face. Em sua exposição, o reitor lembrou que a reestruturação do ensino faz parte de movimento internacional, marcado por experiências em curso nos Estados Unidos e na Europa, e pela expansão do ensino a distância sustentada pela tecnologia. Ele defendeu que o aprofundamento da interdisciplinaridade seja feito com cuidado, “sem vulgarizações, preservando a profundidade do conhecimento”. No caso brasileiro, Campolina também manifestou sua preocupação com um cenário caracterizado pelo crescimento de vagas nas universidades – em alguns cursos, a oferta já supera a demanda – somado a um contingente de egressos da educação média sem o devido preparo. “É preciso conciliar essa interdisciplinaridade com a qualidade do ensino médio”, defendeu. 'Transpassamento’ Ainda na abertura dos trabalhos, Loureiro lembrou que as equipes envolvidas vão elaborar um documento que, de um lado, refletirá o estágio da interdisciplinaridade na UFMG e, de outro, indicará a possibilidade de se efetivar o “transpassamento” de áreas já no início da graduação. “A intenção é tentar incrementar o número de áreas que poderão ser oferecidas a esses jovens a partir do momento do seu ingresso”, aponta Loureiro. A pró-reitora de Graduação, Antônia Vitória Soares Aranha, que também integrou a mesa de abertura, fez uma conferência sobre inclusão e diversidade na Universidade. Depois de discorrer sobre os conceitos de inclusão, diversidade e tolerância, a pró-reitora apontou medidas relacionadas à interdisciplinaridade que poderão favorecer o processo de inclusão na Universidade. Ela sugeriu a criação de disciplinas interdepartamentais e de conteúdos capazes de atingir grande número de alunos em diversas áreas, como Libras e inglês instrumental. “Isso certamente facilitaria a integração estudantil, ainda que em caráter informal”, argumentou. Outras medidas defendidas pela professora Antonia Aranha são a renovação de currículos com atividades que extrapolem as disciplinas e a valorização de áreas do conhecimento com menos prestígio acadêmico por parte de programas governamentais e agências de fomento. “Existe uma diferença de status, e um exemplo disso é o programa Ciência sem Fronteiras que não contempla a área de humanas”, lembrou a pró-reitora. O workshop tem continuidade hoje e amanhã com discussões específicas sobre as possibilidades de adoção de experiências interdisciplinares nas Ciências Biológicas e da Saúde; Humanidades, Letras e Artes; Ciências da Terra, Exatas e Tecnológicas. Ao final do evento, a partir de 16h desta terça-feira, haverá a apresentação de sínteses com as principais propostas para as três grandes áreas. A série A Interdisciplinaridade na Graduação é promovida pelo Ieat em parceria com a Pró-reitoria de Graduação. As atividades já realizadas abordaram o impacto do Reuni na UFMG, as experiências das universidades federais da Bahia e do ABC com a implantação de seus bacharelados interdisciplinares e dos colleges americanos.
O diretor do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (Ieat), Maurício Loureiro, lembrou que o ciclo de seminários organizado pelo órgão representa uma contribuição para se pensar o futuro da graduação. “O Ieat foi projetado para pesquisa e pós-graduação. Com essa iniciativa, estamos lançando um olhar sobre a graduação, que é estratégica para a Universidade”, afirmou ele.