Isabella Lucas/UFMG |
Com previsão de chegada ao mercado em fevereiro de 2014, uma vestimenta concebida no Departamento de Fisioterapia da UFMG promete facilitar o tratamento de pessoas portadoras de alterações posturais ou disfunções do movimento, além de aprimorar o desempenho de atletas de alto rendimento. Composta por fitas entrelaçadas que envolvem todo o corpo e são ajustadas conforme a necessidade de cada pessoa, a roupa proporciona uma nova e correta posição de conforto ao indivíduo. (Matheus Espíndola)
“No entanto, a principal peculiaridade do traje é a capacidade de armazenar energia nas tiras elásticas, que é revertida na forma de potência nos movimentos”, explica o professor e vice-diretor da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG (EEFFTO), Sérgio Fonseca, coordenador da equipe que criou os primeiros protótipos em 2008.
Graças a essa característica, a veste evita desgastes desnecessários, oferece estabilidade, segurança e autonomia a indivíduos com restrição de movimento e reduz o risco de lesões em atletas. Os demais inventores da tecnologia são os professores Juliana Ocarino, Paula Silva e Thales Souza, além do então estudante de mestrado Haroldo Leite.
Ainda segundo Sérgio Fonseca, a eficácia da nova roupa já foi testada em cerca de 30 pessoas com alterações no alinhamento dos pés, na curvatura da coluna ou na inclinação dos ombros, entre outras. “Nesta primeira etapa, atestamos seu poder de corrigir a postura e o movimento. O passo seguinte são os estudos clínicos, que vão direcionar a aplicação no tratamento de populações com dores e sintomas decorrentes de patologias, como escoliose e síndromes diversas. Há também um estudo em andamento envolvendo crianças nascidas com paralisia cerebral”, detalha Fonseca.
Quanto ao uso da vestimenta em competições esportivas, o professor do Departamento de Fisioterapia acredita que a permissão vai depender dos critérios de cada modalidade: “Em provas de velocidade, por exemplo, ela não deve ser autorizada, pois pode proporcionar vantagem capaz de influenciar diretamente nos resultados”, avalia.
Licenciamento e comercialização
O contrato de licenciamento do produto foi firmado com a empresa Treini Biotecnologia, com sede em Belo Horizonte. De acordo com os termos do acordo, 5% do valor bruto arrecadado com as vendas para uso terapêutico se destinam à UFMG. No caso do uso esportivo, os royalties são de 8%. Em ambas as situações, esse percentual será dividido igualmente entre os inventores, a unidade de desenvolvimento e a Administração Central da Universidade.
A roupa será fabricada sob medida e, diferentemente da versão usada na etapa de testes, as tiras elásticas serão envolvidas em tecido, com um sistema embutido de regulagem, o que vai simplificar o ato de vestir e adaptar o funcionamento ao estágio de evolução do paciente.