Universidade Federal de Minas Gerais

Fotos: Isabella Lucas/UFMG
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Takahashi: uso de surveys compensa falta de base de dados global e bem balanceada

‘Rankings balizam a noção de distância entre as universidades’, afirma especialista da UFMG

segunda-feira, 27 de maio de 2013, às 5h50

Além dos indicadores de impacto da pesquisa científica, a reputação de uma instituição entre empregadores e integrantes do meio acadêmico de todo o mundo tem forte peso no resultado de comparações entre universidades, assegura o professor Ricardo Hiroshi Caldeira Takahashi, do Departamento de Matemática do Instituto de Ciências Exatas (Icex).

Ao analisar os dados dos rankings por área do conhecimento (subject rankings), divulgados este mês pelo QS World University Ranking, Takahashi fala ao Portal UFMG sobre a importância dos rankings em um momento de crescente internacionalização das instituições e aponta especificidades e aparentes enigmas na metodologia adotada pela empresa Quacquarelli Symonds (QS).

Como a UFMG está posicionada neste último ranking QS?
O QS apontou as 200 melhores do mundo, em 30 áreas do conhecimento, e a UFMG está bem posicionada em 13 dessas áreas.

Quais são elas?
Em duas delas – Philosophy; Agriculture & Forestry –, a UFMG aparece no grupo 51-100; no grupo imediatamente abaixo (101-150), estão Computer Science & Information Systems, Pharmacy & Pharmacology, Modern Languages e Geography.

No grupo seguinte (151-200), a UFMG aparece nas áreas de Chemical Engineering, Electrical & Electronic Engineering, Medicine, Biological Sciences, Environmental Sciences, Chemistry e Materials Science.

Essas áreas não coincidem exatamente com as correspondentes aos cursos existentes na UFMG...
Sim, é importante lembrar que essas são as áreas sobre as quais eles fizeram estudo, e obviamente faltam muitas. Além disso, eles não têm como perceber especificidades das instituições. Por exemplo: na área de física, a UFMG não aparece, mas está bem posicionada na área de ciências de materiais. Quem faz o ranking não tem como saber que grande parte da produção da UFMG em ciências de materiais é do Departamento de Física e que alguns dos seus pesquisadores mais destacados trabalham com ciências de materiais.

Outra situação refere-se à área de agricultura que, na UFMG, se beneficia de grande número de publicações dos departamentos de Biologia Vegetal e de Ecologia, do Instituto de Ciências Biológicas. Esse tipo de olhar é importante para interpretar o que significam esses dados e vários aparentes enigmas que estão relacionados com as nuances da forma de montar a metodologia.

Isso é ruim para quem está sendo ranqueado?
É problema relacionado ao tipo de dado que está disponível, e não seria trivial mudar. Eles mencionam que não se baseiam em dados fornecidos pela própria instituição e tentam se basear em dados coletáveis por eles, independentemente. Eles não têm a mínima ideia de como cada instituição se articula internamente, até porque há modelos muito diferentes.

Essas diferenças, aliás, talvez expliquem outro fato: no ranking geral, a UFMG como instituição ficou no grupo das 500 melhores, embora em 13 áreas esteja entre 50 e 200. Se por um lado isso mostra uma heterogeneidade da Instituição, também revela um aspecto da metodologia deste ranking.

Que aspecto?
Ao analisar as áreas, eles procuraram construir um critério de ponderação dos diversos itens que entram na conta, realçando as áreas que estão acima da média da própria instituição. Ou seja, procuraram dar um peso extra pelo fato de a área se destacar naquela instituição. Isso porque universidades são heterogêneas, e o prestígio da instituição está mais relacionado a algumas áreas do que a outras.

Daí o fato de os rankings procurarem olhar quais são essas áreas que se sobressaem e as ponderarem para mais, talvez para compensar um efeito oposto, que é o fato de uma instituição ser conhecida e às vezes uma área não tão boa subir por causa do prestígio dela. Imaginando que a pontuação de engenharia elétrica de Harvard e da UFMG fossem idênticas, eles sobem a da UFMG porque imaginam que a de Harvard deve ter subido por causa da fama da instituição.

Qual a importância desse tipo de ranking para tornar os cursos conhecidos para o mundo?
Penso que eles se também propõem, com esse tipo de ranking, a ajudar estudantes que estão selecionando instituições para onde querem se direcionar. Assim, um requisito para uma universidade ser ranqueada em uma área do conhecimento era a oferta de pelo menos um curso correspondente à área.

E os surveys com os meios acadêmico e empresarial?
O QS exibe, em sua página, um mapa com percentuais de respondentes que irão responder sobre certo país. O Brasil está bem representado no que diz respeito ao percentual de respondentes do meio acadêmico que vão falar de universidades brasileiras, mas está desproporcionalmente pequeno no que diz respeito ao percentual de respondentes do meio empresarial que vão falar a respeito das universidades.

Esses respondentes são do mesmo país da instituição?
Não necessariamente. Basicamente eles mandam esse formulário eletrônico para pessoas mundo afora, e elas dizem as regiões das quais podem falar. Elas podem falar dos próprios países de origem e de outros. Certamente a maioria das pessoas que podem falar do Brasil são daqui, mas esse contingente também inclui estrangeiros. Acredito que o Brasil está menos presente nas respostas do meio empresarial pela maneira com que os questionários vêm se propagando. Como a QS é uma instituição proveniente do Hemisfério Norte, provavelmente os primeiros questionários foram enviados para lá.

Agora, curiosamente, o Brasil está menos representado nesse meio do que a Argentina e a Colômbia, em termos absolutos. Também em termos absolutos, Brasil, México e Chile são parecidos. Essa diferença certamente decorre do trabalho das instituições desses países, procurando motivar o meio empresarial local a responder aos questionários dos surveys.

Essa interferência é positiva, já sem ela muitos não responderiam o questionário?
Sim, pois muitos não têm nem ideia do que seja, recebem um email perguntando se pode responder um questionário, mas isso está meio fora do universo das pessoas que estão em uma empresa. Mas quando há o contato das instituições, isso aumenta a mobilização das pessoas e, consequentemente, das respostas, o que faz uma diferença enorme.

Isso não é uma falha do ranking?
Penso que é uma falha e uma opção. A melhor maneira de corrigir a falha seria montar uma base de dados global, bem balanceada, com respondentes do mundo inteiro. Mas a QS não tem como fazer isso de imediato. Por outro lado, usar os surveys como estão hoje é também uma opção de conviver com a falha enquanto a base dados de dados vai aumentando, e essa base cresce também na medida em que as instituições enviam sugestões de nomes para responderem ao questionário.

Apesar dessas deficiências, os rankings são válidos?
Acho que isso faz parte de um panorama, e devemos ter claro que nesse tipo de ranking as instituições de países em desenvolvimento por definição estão desfavorecidas em relação a universidades de países centrais, por uma série de motivos, não apenas esses. Por um lado, é provável que as universidades situadas nas primeiríssimas posições sejam de fato mais consolidadas, tenham programas mais bem estabelecidos do que as brasileiras. Mas provavelmente a diferença não é tanta, e não temos nenhum elemento para dizer o quanto seria na verdade.

Apesar disso, acho que esses rankings balizam um pouco a noção de distância entre as instituições. Talvez não em relação às universidades que estão entre as primeiras, mas em relação às dos países que estão em situação semelhante. De certa maneira, esses rankings trazem alguma informação sobre como estão as universidades brasileiras em relação às latino-americanas e às de vários países asiáticos. E ajudam a comparar a UFMG com outras universidades brasileiras. Acredito que um pouco de informação é possível extrair desse tipo de metodologia, mesmo sabendo que haverá distorções dessa natureza.

(Ana Rita Araújo)


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