Doze universidades foram admitidas como integrantes da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (Aulp) na sessão de encerramento do XXIII Encontro da entidade, realizada no campus Pampulha nesta terça-feira, 11. A assembleia também definiu a cidade de Macau (China) como sede do próximo encontro, que vai acontecer de 9 a 11 de junho de 2014. Segundo o presidente da Associação e reitor da Universidade do Lúrio (Moçambique), Jorge Ferrão, o evento abriu, de forma inédita, espaço para que universidades menores e mais novas pudessem se integrar aos grandes centros de estudos dos países de língua portuguesa. Além das 132 instituições que já integram a Aulp, ingressaram oito universidades brasileiras e quatro dos países Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. “Isso abre perspectivas para que novos integrantes adquiram conhecimento e experiência com as universidades maiores e mais tradicionais. Se antes só se procurava conhecimento nas tradicionais universidades europeias e dos Estados Unidos, esse panorama começa a mudar”, avalia. Internacionalização “No caso da minha universidade, por exemplo, temos uma cooperação com a UFMG que nos permitirá criar, pela primeira vez, um mestrado na área de saúde. Temos quatro milhões de habitantes e um médico para cada 50 mil pessoas. Então, receber docentes da UFMG será muito importante para nós”, comenta. Ferrão acrescenta que, no caso da engenharia, as parcerias também ajudam no crescimento econômico do país africano. “Recentemente, tivemos a descoberta de novas reservas de gás natural que nos colocam entre os três países detentores das maiores reservas do mundo. Porém, não temos muitos engenheiros qualificados para fazer a exploração desse gás. Daí a importância, mais uma vez, de recebermos pesquisadores, docentes e estudantes da UFMG”, ressalta. Diálogo deve permanecer entre os encontros Vargas destaca, também, o sucesso dos 13 projetos a serem desenvolvidos pela UFMG em parceria com cinco universidades africanas, dentre os 45 aprovados no âmbito de programa desenvolvido pelo Capes, por sugestão da Aulp. “O edital do Capes com a Aulp nasceu em um contexto de reuniões como essa, há três anos, em Macau. Há dois anos, na reunião de Bragança, demos mais um passo e agora, neste encontro, estamos fazendo as conexões necessárias para a implementação dos projetos. Esse edital mostra como os encontros anuais são importantes para o diálogo permanente entre as universidades”, diz Vargas. O reitor da UFMG, Clélio Campolina, também está satisfeito com os resultados obtidos nos dois dias de encontro, que incluíram reuniões, conferências, apresentações de trabalhos e minicursos. “O evento foi muito positivo, uma vez que criamos condições de ampliar nosso relacionamento com outras comunidades de língua portuguesa. É importante cultivarmos nossos laços históricos e culturais, uma vez que o português é a terceira língua mais falada do mundo ocidental”, conclui. Em carta aberta aos participantes, na assembleia de encerramento (leia documento na íntegra), Jorge Ferrão afirmou que a Aulp deve continuar a servir como plataforma de aglutinacão, de diálogo e de estímulo ao desenvolvimento de redes de informação, nos diversos domínios de incentivo a parcerias. Em entrevistas concedidas à Rádio UFMG Educativa, o reitor moçambicano Jorge Ferrão e o secretario de educação superior do Ministério da Educação do Brasil, Paulo Speller, fazem balanço do encontro. Ao lado de Jorge Ferrão e de Clélio Campolina, participaram da mesa na solenidade de encerramento os reitores Orlando Quilambo, da Universidade Eduardo Mondlane (Moçambique), João Guerreiro, da Universidade do Algarve (Portugal), e Rui Martins, vice-reitor da Universidade de Macau. O próximo encontro anual da Aulp terá como tema Macau e as suas universidades – Elo entre as universidades chinesas e as dos países de língua portuguesa. O evento será organizado por três instituições - Universidade de Macau, Instituto Politécnico de Macau e Instituto de Informações Turísticas e vai ocorrer na Ilha de Hengqin, em Guangdond, campus com capacidade para dez mil estudantes.
Segundo o presidente da associação, outro elemento de destaque nos debates foi o foco na questão do aumento de projetos de internacionalização que, segundo ele, são essenciais para que as universidades cresçam. Ferrão cita, como exemplo, a realidade de seu país, Moçambique, que tem dificuldades para formar profissionais nas áreas de saúde, nutrição e engenharia.
Para o diretor de Relações Internacionais da UFMG, professor Eduardo Vargas, os debates do XXVIII Encontro da AULP permitiram avanços em questões que já são debatidas há mais de três anos pelos membros da associação.