Na abertura da II Jornada de Estudos Africanos, na manhã desta quarta-feira, 12, no campus Pampulha, o reitor da UFMG, Clélio Campolina, destacou que o mundo vive hoje, novamente, uma corrida em torno da África. “Esperamos que não seja uma corrida como as de tempos passados. Há todo um passivo histórico e político da colonização, e o mundo tem uma responsabilidade política e social com o continente. É nesse sentido que devemos investir em uma internacionalização social”, afirmou. Com o tema Cooperação Acadêmica Internacional no Século XXI – A Experiência dos Centros de Estudos Africanos no Mundo, o evento prossegue até amanhã. Também participaram da mesa de abertura o diretor de Relações Internacionais da UFMG, Eduardo Vargas; o embaixador da República de Moçambique e secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Murade Murargy; o reitor da Universidade de Moçambique e presidente da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), Jorge Ferrão; e o presidente do comitê diretor do Centro de Estudos Africanos da UFMG, Luiz Alberto Oliveira Gonçalves. Na ocasião, foi selada uma cápsula do tempo com documentos sobre o projeto do Centro de Internacionalização da UFMG, a ser aberta em maio 2028, data em que a Diretoria de Relações Internacionais (DRI) completará 30 anos. O prédio, cujas obras devem começar em breve, abrigará o Centro de Estudos Africanos da Universidade. A previsão é de que as obras durem 15 meses. Ao ressaltar a “importância vital da África” na economia mundial contemporânea, especialmente neste momento de colapso vivido pelo capitalismo central, Camplona afirmou que “É hora de se investir em uma internacionalização sem dominação nem submissão”. Em sua opinião, é necessário repensar as relações sul-sul e refletir sobre a responsabilidade das instituições acadêmicas, “no sentido de trabalhar em prol de um projeto de emancipação humana, de sociedades mais justas”. Expansão empresarial também em pauta “O Brasil caminha hoje para uma plena internacionalização da sua economia. O importante é que o país realize essa internacionalização de forma diferente de que foi feito pelas outras potências do passado. São erros que não podem ser cometidos novamente”, alertou. “Hoje o Brasil tem todas as condições para não falhar”. O embaixador Murade Murargy, por sua vez, elogiou a iniciativa da UFMG de transformar a utopia de instituir o Centro de Estudos Africanos. “É um projeto extremamente importante para o fluxo de conhecimento entre brasileiros e africanos”, disse. Segundo ele, Centro vai contribuir, como já começou a fazer, para a aproximação entre os dois povos. “É uma estrutura que também vai oferecer aos homens de negócio e investidores os conhecimentos necessários para que possam encontrar na África um ambiente propício ao desenvolvimento”. Após a abertura da jornada, o professor Wilson Trajano Filho, do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília, passou à conferência de abertura do evento, sob o mote Estudos Africanos no Brasil e Alhures. O conferencista abordou a particularidade de um país como o Brasil, que não foi colonizador, mas também um colonizado, investir em uma internacionalização solidária com a África.
Jorge Ferrão lembrou que o Brasil é hoje uma potência, e que deve ser compreendido nesta nova perspectiva que ocupa no cenário mundial. Para ele, o Centro de Estudos Africanos também precisa se debruçar sobre a internacionalização da economia brasileira e a presença das grandes empresas brasileiras na África. “Esses estudos poderão colaborar para que a presença dessas empresas em países como Moçambique, por exemplo, sejam estratégicos ao país, e aconteçam sob uma perspectiva social”, salientou.