Isabella Lucas/UFMG |
Pesquisadores das três universidades brasileiras que mantêm núcleos de estudos africanos - Federal da Bahia, USP e Cândido Mendes - relataram suas experiências na tarde desta quinta-feira no CAD1, campus Pampulha, dentro da II Jornada Africana. A quarta universidade a ingressar nesse rol é justamente a UFMG, que lançou seu centro durante o evento, realizado hoje e ontem. A professora Margarida Petter, da USP, apresentou detalhes do Centro de Estudos Africanos daquela universidade, vinculado a sua Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. “Buscamos difundir a realidade africana através de cursos, conferências e disciplinas que são ofertadas nas faculdades. Nosso foco atual engloba, ainda, o incentivo à publicação de trabalhos científicos relacionados ao continente africano”, diz. O Centro de Estudos Africanos da USP foi criado em 1965 e é responsável pela publicação da Revista África, lançada em 1978 e considerada referência na área. O professor responsável pelo Centro de Estudos Afro-orientais da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Cláudio Pereira, abordou as dificuldades enfrentadas pelos especialistas em estudos africanos para manter suas atividades. Primeiro no Brasil a trazer estudantes africanos para estudar no país por meio de programas de intercâmbio, o núcleo da UFBA passa por uma crise. “Corremos o risco de fechar e não podemos deixar que isso aconteça. Todo baiano se sente africano e isso tem raízes históricas. Nosso centro de estudos fica em uma rua no centro de Salvador, o que faz com que ele seja totalmente integrado à vida da cidade e à população baiana. Para frequentá-lo não é necessário estar vinculado à UFBA”, explicou. O Centro de Estudos Afro-orientais surgiu em 1958, tendo sido responsável pela criação do Museu Afro-brasileiro, em Salvador, e pela criação de cursos de pós-graduação em nível de mestrado e doutorado na UFBA, em 2005. Em 1965, o centro deu início à revista Afro-Ásia, primeiro periódico acadêmico sobre África da América Latina e também considerada referência no campo.
Completou a mesa a professora Nanci Valadares, da Universidade Cândido Mendes, que fez uma explanação sobre a situação do negro nos Estados Unidos. Sobre o Brasil, lembrou que os centros de estudos africanos aqui sediados nasceram "atrelados ao preconceito e à intolerância dos brancos em relação aos negros".