Corredores ecológicos são elementos da paisagem que proporcionam a conectividade entre fragmentos de vegetação, o deslocamento de animais e a dispersão de sementes da flora local. A criação desse tipo de espaço é o tema da pesquisa de mestrado Modelagem espacial de corredores ecológicos em paisagens naturalmente heterogêneas, defendida em abril pela bióloga Laís Jales no Instituto de Geociências da UFMG. Com o objetivo de propor um modelo especial para indicação desses corredores, ela utilizou como área de estudo três unidades de conservação localizadas na Região Metropolitana de Belo Horizonte: Parque Estadual do Rola Moça, Monumento Natural da Serra da Moeda e Área de Proteção Ambiental do Rio Manso. “Nas áreas em que os corredores ecológicos foram propostos, há trechos de mata atlântica e de cerrado. Como são vegetações distintas e esta é uma área de transição ambiental entre esses diferentes biomas, a formação de um corredor ecológico possibilita o fluxo gênico entre as diferentes espécies da fauna e da flora que vivem ali. Esse fluxo gênico é a troca de genes entre as espécies, e deve ser mantido para evitar o isolamento de populações e a extinção de espécies, garantindo sua perpetuação a longo prazo”, explica a pesquisadora. Além disso, a criação de corredores ecológicos ajuda na conservação da paisagem. “A implementação de corredores é um ganho ambiental para a região, pois reduz os efeitos da fragmentação, já que a área que usamos na pesquisa é ameaçada pela atividade antrópica, devido à expansão urbana e minerária", diz a pesquisadora. A área está inserida no perímetro do Quadrilátero Ferrífero. O trabalho de modelagem de corredores ecológicos requer estudos prévios de mapeamento de uso e ocupação do solo da região. Por meio de análises espaciais, outros critérios ambientais como declividade e altitude também foram considerados. “Tudo isso foi levado em conta quando propusemos essas alternativas de caminhos ecológicos”, aponta Laís. Segundo a bióloga, um dos diferenciais de seu estudo foi a criação de múltiplos corredores conectando os fragmentos entre as unidades de conservação, quando o usual nas pesquisas sobre o tema é o desenvolvimento de apenas uma alternativa de caminho. “Sabemos que o animal não percorre um único caminho. A criação de vários corredores dá a ele possibilidade de novos percursos de deslocamento”, justifica. Espécies “Os corredores ecológicos foram propostos a partir da identificação de áreas prioritárias para conservação. Nelas também podem ser criadas novas unidades de conservação e reservas legais, contribuindo na manutenção dos corredores e preservando espécies de flora e fauna”, conclui. (Luana Macieira) Dissertação: Modelagem espacial de corredores ecológicos em paisagens naturalmente heterogêneas
Os corredores propostos pela pesquisadora foram direcionados para o deslocamento de espécies registradas na região, como o lobo guará, a onça parda e algumas aves. Ela contou com a ajuda de especialistas em aves e mamíferos, que apontaram características que os corredores deveriam possuir para atender esses animais. Para Laís, a pesquisa contribui para a tomada de decisões em projetos de conservação desenvolvidos por organizações não governamentais e outras instituições privadas.
Aluna: Laís Jales
Orientação: Sérgio Faria (UFMG) e Milton Cezar Ribeiro (Unesp)
Defendida em abril de 2013, no Instituto de Geociências da UFMG