Mais de um terço dos magistrados brasileiros da Justiça do Trabalho (37,7%) sentem que sua segurança pessoal é ameaçada no trabalho. Essa é uma das conclusões de pesquisa de âmbito nacional sobre a saúde dos magistrados trabalhistas desenvolvida na Faculdade de Medicina da UFMG, que será apresentada no 33º Congresso Internacional de Direito e Saúde Mental, de 14 a 19 de julho, em Amsterdã, na Holanda. De autoria das professoras Ada Ávila Assunção, do Departamento de Medicina Preventiva e Social, e Adriane Mesquita de Medeiros, da Fonoaudiologia, o estudo ouviu 579 magistrados de um universo de aproximadamente 3.400. Em sua maioria, os participantes da pesquisa (54%) estão na carreira há mais de 10 anos, têm idade entre 35 e 46 anos (48,9%), são casados (79,1%), têm filhos (73,8%) e se declaram brancos (81,6%). Enquanto as mulheres relataram sofrer mais agressões interpessoais, cometidas principalmente por agentes externos, tanto usuários e seus acompanhantes, quanto advogados, os homens contam terem vivenciado mais incidentes internos, como ameaças e agressões. Para Ada Assunção, as situações de conflito inerentes à Justiça do Trabalho podem evoluir de modo a gerar atos interpessoais agressivos ou violentos, causando insegurança aos atores do sistema. “O controle excessivo de prazos e metas leva ao desencadeamento de estresse e mal-estar, condições que tornariam os profissionais menos preparados para enfrentar as situações de ameaça”, aponta. As autoras destacaram que os resultados devem ser úteis para o debate em tempos de reforma judiciária. O artigo será publicado na revista International Journal of Law and Psychiatry. (Com Assessoria de Comunicação da Faculdade de Medicina da UFMG)