Universidade Federal de Minas Gerais

Matheus Espíndola/UFMG
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Público ouve reza do índio Guarani-Kaiowa

Tarde de experiências com índios da tribo Guarani-Kaiowa mobiliza e emociona público

quarta-feira, 24 de julho de 2013, às 5h54

O caminhão itinerante do Festival de Inverno da UFMG, instalado na segunda-feira no bairro da Palha, periferia de Diamantina, trouxe à população local e demais envolvidos no evento um pouco da cultura e do pensamento dos Guarani-Kaiowa, comunidade indígena que vive no Mato Grosso do Sul.

A chicha, bebida típica da etnia, feita com mandioca, batata doce e milho, foi servida a todos por integrantes da Associação Mulheres Reais, como parte da atividade Comidaria Comum.

Os membros da tribo envolveram o público com suas danças e rezas e ainda falaram sobre o processo de luta política pela demarcação de reservas indígenas no Centro-oeste brasileiro. Também foi exibido o filme Martírio, do cineasta francês Vincent Carelli, que aborda o conflito.

Descaso dos governantes
Para o índio Argemiro Freitas, que é professor na aldeia, impera a falta de compromisso do poder público com os interesses indígenas. “A presidente Dilma, que a gente colocou no poder, não está focada na nossa causa. Como é possível vivermos em uma pátria tão imensa e não termos terra para os índios?”. Ele destacou que a maioria dos Guarani-Kaiowa, no Mato Grosso do Sul, vive em condições precárias. “Isso é culpa do poder público”, disse.

Citou o desrespeito também na oferta de serviços sociais básicos às comunidades indígenas, como boas escolas e postos de saúde. “Durante muito tempo, a maioria das nossas crianças morria de desnutrição, assim como os idosos”.

Argemiro Freitas relatou que o conflito entre sua tribo, políticos e industriais locais pelas terras existe desde 1998: “Há um tempo atrás, o ministro da justiça ia determinar a demarcação do nosso território, mas os agropecuários e donos de usinas, que são poderosos, barraram mais uma vez o processo”;.

Segundo ele, os Guarani-Kaiowa conseguiram recuperar alguns hectares, mas a maior parte foi destruída. Para o professor, em vez de serem vistos como invasores, os índios deveriam ser considerados legítimos donos das terras. “É o local onde viveram nossos ancestrais. Sempre foi nosso", disse.

Também Guarani-Kaiowa, a índia Fabiane Duarte destacou em seu discurso os prejuízos naturais causados pela interferência humana nas aldeias indígenas. “Por onde eles passam, deixam devastação, só pó de terra. E o que a gente vai fazer com esse pó? Nós queríamos que o homem branco não destruísse as árvores”, lamentou.

Fabiane também despertou a reflexão sobre os valores priorizados pela cultura do homem branco. “Eles (os agropecuários) tomam a terra, e nós, que somos índios, temos que comprar deles os frutos. Mas o cultivo não deveria ser deles, é da nossa terra”, reiterou.

Saudo Capile Jorge faz parte da Associação de Cineastas e Realizadores Indígenas. Para ele, é fundamental que a cultura e a luta pelos direitos indígenas sejam levados à população por meio de eventos como o Festival. Em sua opinião, a causa precisa ser abraçada por todos os brasileiros. “As vitórias que obtivemos se deve aos manifestos, a ajudas de organizações não-governamentais e veículos que divulgaram o conflito na mídia”, declarou.

A professora da UFMG Luciana Oliveira, coordenadora do eixo de coletivos Margens e arredores da cidade, pensa que a Universidade tem cumprido o seu papel nesse universo de conflitos por direitos. “Desde a última edição do Festival, estamos bastante comprometidos e envolvidos em diversas ações relacionadas à questão indígena. Os Guarani-Kaiowa aqui presentes têm sido os nossos interlocutores fundamentais nessa empreitada”, contou.

Envolvimento do público
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O índio Valmir Cabrera, que é rezador na tribo, tocou o gyrapai, instrumento de sopro fabricado na aldeia, declamou orações em seu idioma e ensinou danças oferecidas aos deuses. O pequeno Lucas (foto), que é morador no bairro da Palha, ficou bastante surpreso. “Nunca tinha visto um índio de verdade”, contou.

A estudante de Belas-Artes da UFMG, Maíra Gouveia, que acompanhou toda a programação, revelou ter ficado bastante emocionada. “O filme Martírio me fez chorar, pois conta o drama real de uma índia que, apesar da saudade, não pode voltar para sua tribo, por causa da perseguição dos brancos e do medo de morrer."

Ouça aqui entrevista sobre o Coletivo dos Cineastas Indígenas, na Rádio UFMG Educativa.

A noite de atividades terminou com apresentação da Orquestra Sinfônica Jovem de Diamantina e da flautista Odete Ernest Dias, nascida na França e naturalizada brasileira. A programação segue até o dia 28 de julho.

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