O africanista José da Silva Horta estará na UFMG de 7 de agosto a 2 de setembro, para participar do programa de cátedras do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (Ieat). Nesse período, vai realizar curso, palestras e encontros de trabalho com pesquisadores da UFMG, visitas a laboratórios, além de conferência aberta ao público. Segundo o anfitrião de Horta na Universidade, professor Eduardo França Paiva, o pesquisador português é autor de obras referenciais sobre a África. “Sua presença aqui tem por objetivo consolidar estudos sobre o continente africano no Brasil”, ressalta Paiva, que é professor do Departamento de História e diretor do Centro de Estudos sobre a Presença Africana no Mundo Moderno (Cepamm). Em conferência aberta ao público, no dia 9 de agosto, às 14h, no auditório da Reitoria, Horta abordará o tema Diálogos transdisciplinares sobre África: linhas de rumo e desafios recentes — “Nação”, marcadores identitários e complexidades da representação étnica nas escritas de viagem (Guiné do Cabo Verde, séculos XVI e XVII). Horta defende que a identidade é hoje uma das problemáticas centrais da História de África e também da Antropologia. Segundo ele, nas escritas portuguesas de viagem dos séculos 16 e 17, os habitantes da Guiné do Cabo Verde, ou Grande Senegâmbia, foram claramente diferenciados por “nações”, diferenciação que se baseou em marcadores identitários, cruzando questionários de origem europeia com formas africanas da percepção da identidade. “Os historiadores traduziram a categoria de ‘nação’ por grupo étnico. A complexidade e validade destas correspondências no contexto regional serão analisadas na conferência”, antecipa. O pesquisador É professor da mesma instituição, onde dirige o curso de graduação em Estudos africanos. É vice-diretor e investigador integrado do Centro de História, membro do Instituto de Estudos Árabes e Islâmicos e da Comissão Científica da Cátedra de Estudos Sefarditas Alberto Benveniste. Leciona no mestrado em Estudos africanos do Instituto Universitário de Lisboa e no Programa de Doutoramento Interuniversitário em História, que reúne cinco instituições de ensino superior portuguesas. É investigador associado do Centro de História de Além-Mar, da Universidade Nova de Lisboa-Universidade de Açores, membro do Advisory Board da Mande Studies Association/Association des Etudes Mandingues e do Amilcar Cabral Institute of Economic and Political Research (Londres); diretor do comitê português do Projeto permanente Fontes Historiae Africanae da Union Académique Internationale; e integra equipe interdisciplinar do projeto Memorial da Escravatura de Cacheu, aprovado pela Unesco. Tem vários livros publicados, tais como The Forgotten Diaspora: Jewish Communities in West Africa and the Making of the Atlantic World, com Peter Mark; A ‘Guiné do Cabo Verde’: Produção Textual e Representações (1578-1684); A Representação do Africano na Literatura de Viagens, do Senegal à Serra Leoa (1543-1508) e artigos em publicações internacionais como as revistas History in Africa: A Journal of Method e Mande Studies.
José da Silva Horta realizou toda sua formação acadêmica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Flul), com graduação em História, mestrado em História Moderna e doutorado em Letras – História da Expansão Portuguesa.