Matheus Espíndola/UFMG Na atividade de Itinerância Hip Hop e juventudes urbanas, os MCs Léo, Monge, PDR, Kdu dos Anjos, Hera e Eazy-CDR falaram sobre a configuração do hip hop como gênero musical e estilo de vida, e também contaram a trajetória do Família de Rua. “Cada um deu o que tinha: caixa de som, bateria de carro, transformador de energia para o equipamento. Começamos sem a preocupação de eleger um líder ou um mestre de cerimônias para os duelos de MCs. Formou-se uma família”, relembra Léo. Viver em harmonia “O que nos diferencia são algumas escolhas. Na essência, somos todos iguais. Logo, se não quero um mal para mim, não o posso desejar a você”, ensina. Ele conta que começou a se interessar pelo estilo no início da adolescência. Desde então, o hip hop pauta a maioria de suas relações, além de sua maneira de se vestir e de falar, e também as músicas de que gosta. “Não visto uma fantasia de hip hop quando subo ao palco, eu sou isso. Naturalmente, foi fazendo parte da minha vida, ainda mais quando passou a ser meu sustento”, conta. Conexão entre o morro e o asfalto “Havia a necessidade de levar as manifestações do hip hop para as ruas novamente. Aliado a isso, queríamos que a música, a dança e o graffiti dialogassem em um ambiente onde pessoas de toda a cidade se encontrassem”, relata. Os integrantes escolheram a Praça da Estação, no Centro de Belo Horizonte, para dar início às vivências artísticas, que mais tarde se propagariam para diversos outros pontos da capital. O local pareceu ideal para dar esse “novo fôlego” ao hip hop, por ser ponto de passagem de metrô e ônibus vindos de todas as periferias. Importante tarefa desempenhada pela corrente do hip hop, segundo PDR, é despertar a reflexão da sociedade sobre as carências e dificuldades dos moradores de bairros afastados do núcleo econômico ou turístico das cidades. “Na lógica capitalista, quem não cabe no Centro é jogado para as periferias, e muitas vezes tem que lidar com a omissão do Estado. Então, nos dispomos a tentar subverter essa coisa”, comenta. O MC entende que as intervenções urbanas são contextos fundamentais para a finalidade de dar voz ao ativismo da juventude. Assim, ao ocupar o espaço público, buscam trazer à tona o questionamento sobre como os governantes enxergam as contradições sociais. “Isso está sempre presente nas coisas que fazemos”, explica. Troca de experiências Dessa forma, a maneira como uma sociedade pobre contorna seus problemas pode servir de lição e estímulo para outras comunidades com desafios semelhantes. “Guardadas algumas peculiaridades, periferia é a mesma coisa em qualquer lugar”, diz, lembrando que os códigos são os mesmos, e “as coisas se configuram da mesma forma: boteco na esquina ao lado da igreja... Eventualmente, falta de pavimentação ou saneamento básico”, analisa. A programação do Festival de Inverno da UFMG segue até o dia 28 de julho. (Matheus Espíndola)
Membros do coletivo urbano Família de Rua, que desde 2006 promove graffiti, danças e duelos de MCs pelas ruas e praças de Belo Horizonte, conversaram nesta terça-feira, 24, com um público composto essencialmente de adolescentes, em uma escola no bairro Cidade Nova, periferia de Diamantina.
O MC PDR (foto) explicou que, segundo as convicções defendidas pelo hip hop, a humanidade deve respeitar as diferenças e pregar a harmonia, a partir dos preceitos de paz, amor, união e diversão.
Há cerca de sete anos, quando emergiram as primeiras ideias para a criação do Família de Rua, o hip hop no Brasil, como explicou PDR, vivia um momento em que sua prática se restringia a festas e outros eventos fechados.
Para o MC PDR, os coletivos urbanos são atores primordiais na promoção da partilha de experiências entre as comunidades, aspecto bastante alinhado com os preceitos básicos do Festival de Inverno da UFMG.