Matheus Espíndola/UFMG Para Keila, a música, assim como outras artes, é um elo de aproximação entre as culturas da periferia e as da metrópole. “Nunca deixamos de ser periferia. A gente sempre leva a todos os lugares uma coisa autêntica, mantendo nossa essência”, pondera. Sua banda, que já alcançou repercussão por todo o Brasil, apresentou-se recentemente nos Estados Unidos e Alemanha, e prepara excursões à Inglaterra e França. “Viajamos muito, mas sempre comprometidos a espalhar a mensagem da nossa comunidade. Foi lá que tudo começou e nunca abandonamos essa verdade”, diz. Keila defende que muitos artistas do Pará contribuíram, nos últimos anos, para que o estado se tornasse referência no campo musical. Ela vê como positiva a expansão do gênero técno-brega, assim como já aconteceu com outros ritmos nascidos nas periferias de outros estados, como o funk e o pagode, que figuram hoje em dia em todos os tipos de casas de show e eventos do Brasil. A cantora, que nasceu no Amazonas, afirma que a cada dia se surpreende com a variedade da cultura musical no Pará, estado onde é radicada. “Mesmo aquele que pesquisa muito a respeito, não esgota o conhecimento. Cada município é um mundo diferente”, observa. Nesta edição, o Festival de Inverno da UFMG também trouxe a Diamantina outro ritmo genuinamente paraense, o carimbó, com a cantora Dona Onete, atração do domingo passado. Keila elogia a abertura que o evento ofereceu "para a cultura paraense e das periferias”. Essa tendência, em seu ponto de vista, vem sendo corroborada por vários segmentos da mídia brasileira atualmente, dando vazão a um processo de “conhecimento do Brasil por ele mesmo”. “O país começa a conhecer a região Norte, que é riquíssima em cultura musical e em outras esferas artísticas”, observa. A programação musical do Festival de Inverno vai trazer neste sábado, 27, penúltimo dia do evento, outros ritmos tipicamente suburbanos: o funk e o rap cariocas.
“A gente sai da periferia, mas a periferia não sai da gente”, comenta Keila Gentil (foto), vocalista da banda Gang do Eletro, que tocou no Largo Dom João, na noite da quinta-feira, 25. O gênero musical contemplado foi o tecno-brega, surgido na periferia do Pará e que que alcançou repercussão nacional e internacional.