Matheus Espíndola / UFMG Ela analisa que, desde o ano passado, os organizadores têm trabalhado para fazer emergir demandas localizadas e resgatar as manifestações culturais do povo nativo, deslocando o foco que se concentrava no centro histórico em edições mais remotas. Assim, as questões da cidade, como preservação do Rio Grande, mobilidade urbana e outras relacionadas ao espaço público, vêm sendo tomadas como temas dos trabalhos e oficinas. “Diamantina passou de cenário a importante ator nas atividades”, defende. Como exemplo dessa descentralização, a professora citou seu viés geográfico, pontuando que os bairros periféricos Cidade Nova e Bela Vista foram contemplados em 2013, além de Palha e Rio Grande, que já haviam sido incluídos na programação de atividades do ano passado. Outra evolução lembrada por Luciana de Oliveira diz respeito à participação da população de Diamantina no desenho geral do Festival e na mobilização do público, atendendo à proposta de dar visibilidade aos chamados “sem parte”, aqueles cuja expressão cultural é comumente mais oculta, conforme ela explicou. “Diamantina é muito lembrada por sua riqueza histórica. Pensa-se a cidade como conservadora e ligada ao catolicismo. Mas há uma diversidade enorme de manifestações”, argumenta Luciana, citando o candomblé, as presenças indígena e negra, os raizeiros e mestres de vissungo (canto responsorial de negros nas lavras de diamantes, em português e línguas africanas). Quanto à configuração das oficinas, Luciana pondera que, neste ano, foram convidados mais especialistas de outras cidades, enquanto em 2012 prevaleceu o ministério de mestres locais. “Essa mudança foi resultado da própria demanda da população, consultada previamente”, esclarece. O Festival de Inverno da UFMG termina hoje. (Com Filipe Sartoreto/Rádio UFMG Educativa)
O Festival de Inverno da UFMG caminha cada vez mais no sentido de trazer à tona as peculiaridades culturais da cidade de Diamantina e do povo local. É o que pensa a professora da do Departamento de Comunicação da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), Luciana de Oliveira, uma das coordenadoras do evento.