Universidade Federal de Minas Gerais

Em ensaio, professor do DCP discute viés aristocrático da política externa brasileira

quarta-feira, 28 de agosto de 2013, às 5h55


Foca Lisboa/UFMG
Dawisson%20Lopes.JPG As marcas de um republicanismo aristocrático, que pensa o interesse público a partir de referenciais de uma elite diminuta, permeiam a política externa brasileira desde sua origem, no século 19, e nem mesmo o processo de democratização do país conseguiu mudar essa realidade, assegura o pesquisador da UFMG Dawisson Belém Lopes [foto], que acaba de lançar livro sobre o tema.

Professor do Departamento de Ciência Política da Fafich, Lopes acredita que, embora conceitualmente realizável, a democratização da política externa brasileira é uma meta de difícil alcance do ponto de vista prático.

“Em outras partes do mundo, sobretudo na Europa, a população participa muito mais na definição dessas políticas, por meio de plebiscitos, referendos e até na discussão desse tipo de pauta em campanhas eleitorais”, compara. No livro de 336 páginas com prefácio do ministro da Defesa, Celso Amorim, o autor apresenta ensaio de interpretação histórica no qual demonstra que as ações brasileiras de política externa “nem sempre se compatibilizam com o regime democrático”.

O motivo de tal característica, segundo ele, é que grande parte da população não vê as relações internacionais como “um lugar de pertencimento”, e o poder, portanto, se perpetua nas mãos de uma elite “que atualmente se abriga, em boa medida, no Palácio do Itamaraty”.

A obra Política externa e democracia no Brasil: ensaio de interpretação histórica ­enfatiza a Nova República, de 1985 aos dias atuais, mas Lopes constrói seu argumento a partir de elementos anteriores. “Procurei entender como o sistema de produção da política externa brasileira foi estruturado na sua origem”, diz.

Sua pesquisa inclui entrevistas com os diplomatas Celso Amorim, Gelson Fonseca, Luiz Felipe Lampreia, Rubens Ricupero e Alexandre Guido Lopes Parola. Para o autor, o conceito de republicanismo aristocrático descreve uma situação em que a “coisa pública” está nas mãos dos mais preparados – segundo os critérios propostos pela elite brasileira. E ressalta que a manutenção desse cenário se dá a partir do próprio recrutamento dos diplomatas que conseguem ter acesso ao Itamaraty.

“O viés aristocrático tem consequências muito práticas”, afirma, citando a acusação de racismo lançada ao Itamaraty pelo atual presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. “Parece que a acusação foi rapidamente desqualificada e que, se investigada de perto, poderia ser muito reveladora”, opina o professor, que é membro da Réseau d’Etude sur la Globalisation et la Gouvernance Internationale et les Mutations des Etats-Nations (Regimen) e líder da Rede Interinstitucional de Pesquisa em Política Externa e Regime Político (Ripperp).

Marcha lenta
Ao lembrar que política é escolha, sobretudo diante de recursos escassos, Dawisson Belém Lopes enxerga no atual governo uma política externa cada vez mais voltada para a nova classe média, com ações que levam em consideração, por exemplo, o crescente número de brasileiros no exterior, enquanto rejeita a competição artificial do comércio internacional por meio das guerras cambiais.

Embora a motivação seja a busca pela manutenção de um modelo desenvolvimentista que pode ser minado em um cenário de menor competitividade internacional do Brasil, esse novo enfoque nas relações externas “já é um tipo de popularização”, pondera Lopes.

Ao mesmo tempo, o republicanismo aristocrático sofre pressões dos recentes movimentos populares, destaca. Em sua opinião, a exigência por transparência da máquina governamental fatalmente atinge o Itamaraty, que tem 25% dos seus dois mil funcionários com salários que ultrapassam o teto constitucional de R$ 28 mil.

“Trata-se de uma corporação opaca, sem transparência, que está começando a se repensar, mas em marcha muito lenta”, diagnostica o autor, que atua na linha de pesquisa de Política Internacional e Comparada, como docente e orientador no Programa de Pós-graduação em Ciência Política e nos cursos de graduação em Relações Econômicas Internacionais, Gestão Pública e Ciências Sociais.

Livro: Política externa e democracia no Brasil: ensaio de interpretação histórica
Autor: Dawisson Belém Lopes
Editora Unesp
Preço: R$ 52

(Ana Rita Araújo/Boletim 1833)

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