Luana Macieira/UFMG |
A engenharia é um mercado aquecido no Brasil. Segundo dados do IBGE, apesar de o país contar com mais de 600 mil engenheiros registrados, o número ainda é insuficiente para atender a demanda por esses profissionais. Dissertação de mestrado recém-defendida na Faculdade de Ciências Econômicas (Face) fornece outra informação importante sobre esse mercado: em 2030, os engenheiros de Minas Gerais serão mais jovens e haverá mais equilíbrio no que se refere à proporção entre homens e mulheres. O entendimento de como a mão de obra de engenheiros tem mudado em Minas Gerais é o tema da dissertação Disponibilidade de mão de obra qualificada para o curto e médio prazo: uma proposta metodológica aplicada ao caso dos engenheiros em Minas Gerais, defendida pelo estudante Octávio Alcântara Torres, no Programa de Pós-graduação em Demografia do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional de Minas Gerais (Cedeplar). Segundo Octávio Torres, as projeções apontam para o rejuvenescimento dos engenheiros, além do aumento da presença da mulher nesse mercado de trabalho. “Em 2010, eram cerca de 340 engenheiros para cada 100 engenheiras em Minas Gerais, com idade média de 42,5 anos. Para 2030, o estudo indica maior participação relativa de engenheiros jovens e recém-formados, além do aumento da participação das mulheres. No cenário intermediário, por exemplo, a projeção aponta para cerca de 150 engenheiros para cada 100 engenheiras, com idade média de 36,9 anos”, ele enfatiza. De acordo com o estudo, o rejuvenescimento dos engenheiros mostra que o país vive o chamado “bônus demográfico” (população composta predominantemente por pessoas em idade ativa), que é favorável para a qualificação desses profissionais. “O bônus demográfico propicia aumento da renda per capita do país, o que facilita os investimentos em educação superior e qualificação. Mais pessoas, portanto, vão se formar em engenharia, o que traz o cenário que prevemos para 2030, com engenheiros mais jovens. Esta janela de oportunidades é, ainda, potencializada pelo cenário econômico atual, que favorece a forte demanda por esse profissional”, explica Torres. Planejamento a longo prazo “Este estudo não tem a pretensão de adivinhar o futuro ou prever com exatidão qual será o volume total de engenheiros mineiros em 2030. Mas a pesquisa é importante porque indica quais são as tendências e em quais direções as políticas educacionais devem atuar”, aponta. Segundo ele, do ponto de vista demográfico, Minas Gerais está diante de uma janela de oportunidades que não se repetirá. Por isso, são necessários investimentos no ensino superior, principalmente na área de engenharia. “Esperamos que os gestores públicos, bem como a iniciativa privada, possam tomar medidas para realizar um bom planejamento de médio e longo prazo para a área da engenharia. Assim, quando a população brasileira se tornar mais velha, não faltarão profissionais capacitados para atuar na área. Os engenheiros que se formarão daqui a dez anos estarão em atividade no período em que a maioria da população não for ativa”, ressalta. A pesquisa contou com análise detalhada do volume e da distribuição dos profissionais residentes no estado, de acordo com o sexo e a idade. O pesquisador lançou mão dos censos demográficos do IBGE realizados entre os anos de 1980 e 2010, além dos censos que foram feitos entre 2000 e 2011 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). “Muito se tem falado atualmente da escassez de mão de obra qualificada no Brasil, especialmente de engenheiros. Neste sentido, o estudo que realizei pretende contribuir para o debate, fornecendo subsídios e informações que podem ser usadas pelo governo para o planejamento do ensino superior. Se hoje faltam engenheiros no estado, prever o cenário futuro é essencial para que esta escassez não se repita em 2030”, conclui. (Luana Macieira) Dissertação: Disponibilidade de mão de obra qualificada para o curto e médio prazo: uma proposta metodológica aplicada ao caso dos engenheiros em Minas Gerais
A projeção para o mercado de engenheiros serve, segundo o pesquisador, como ferramenta para o planejamento dos investimentos a serem feitos na área, uma vez que a previsão do número de profissionais que estarão disponíveis no estado permite melhor visualização das futuras carências no campo da engenharia.
Autor: Octávio Alcântara Torres
Defendida em agosto de 2013 no âmbito do Programa de Pós-graduação em Demografia do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional de Minas Gerais (Cedeplar)