Cultura na América Latina é tema de discussões durante jornada de estudos

Na tarde desta quinta-feira, 17, dando continuidade à programação da I Jornada de Estudos Latino-Americanos da UFMG, iniciada pela manhã, os escritores e professores Grinor Rojo, da Universidad de Chile, Ana Pizarro, da Universidad de Santiago de Chile, e Roberto Follari, da Universidad Nacional de Cuyo, Argentina, discutiram o tema Visões da cultura na América Latina atual.

De acordo com Grinor Rojo, cujo tema era Punteo sobre la historiografía cultural de América Latina, há uma tensão muito forte no continente quando se examina o que está acontecendo desde o México até o Chile. “Temos a linha do Pacífico, que apoia claramente a perspectiva neoliberal e globalizante; temos a perspectiva reformista, na qual está inserida o Brasil e a Argentina neste momento; e temos perspectivas muito mais radicais como a Nicarágua, Equador e Venezuela”, destacou.

Latinoamérica: formación de una cultura de impronta colonial foi o assunto tratado por Ana Pizarro. Segundo ela, a cultura latino-americana não se faz simplesmente com a cultura européia, indígena ou africana. “Quando falamos de cultura européia falamos de muitas culturas, as culturas indígenas são inúmeras, os africanos que chegaram pertenciam a diferentes etnias, tinham diferentes costumes. Então me parece que a noção de América Latina é muito mais plural”, disse.

Para Roberto Follari, que abordou as Tendencias actuales en la cultura mediática y posmoderna, é certo que, hoje, as redes sociais cumprem uma função de aglutinamento por fora dos grandes meios de comunicação, mas são apenas instrumentos. “As redes sociais são interessantes, rápidas, mas os grandes elementos nos protestos não têm a ver com elas; as redes são um instrumento para que esses protestos possam se iniciar”, exemplificou.

Dianteira
O professor da Faculdade de Letras (Fale) e diretor da Editora UFMG, Wander Melo Miranda, que coordenou a mesa, destacou que a criação do Centro de Estudos Latino-Americanos foi uma iniciativa proveitosa, uma vez que há na universidade diversos grupos de pesquisa que estudam o tema em áreas como sociologia, literatura, linguística e história. “Além disso, a própria Editora UFMG já publicou vários estudos de professores da casa e da América Latina sobre o tema. É muito propício que a UFMG assuma uma espécie de dianteira nessa discussão”, afirmou.

Sobre as discussões propostas pela Jornada, Wander salientou que estão em debate, sobretudo, temas correntes como a modernização, a pluralidade cultural e literária latino-americana e a pós-modernidade. “São temas relevantes sobre o continente, que estão na ordem do dia e mostram a força teórica e crítica do pensamento na América Latina.

A programação da I Jornada de Estudos Latino-Americanos da UFMG continua nesta sexta-feira, 18, das 9h às 18h, no auditório 2 da Faculdade de Ciências Econômicas (Face), no campus Pampulha. O evento inaugura o Centro de Estudos Latino-Americanos (Cela) da UFMG e tem como tema Nuestra América: cenários e perspectivas. Outras informações e a programação completa do evento estão disponíveis no site da Diretoria de Relações Internacionais (DRI).