Universidade Federal de Minas Gerais

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Wagner Meira: tecnologia favorece transparência de ações governamentais

DCC e Serpro aplicam mineração de dados para extrair informações governamentais

quarta-feira, 27 de novembro de 2013, às 8h58

Oferecer acesso público a dados governamentais é uma exigência que recai sobre os órgãos administrativos. Para atender a essa demanda de transparência e buscar informações “escondidas” nos bancos de dados federais, um projeto do Departamento de Ciência da Computação (DCC) da UFMG, em parceria com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), utiliza as ferramentas de mineração de dados para acelerar a extração de informações governamentais.

Segundo Wagner Meira Júnior, professor do DCC e um dos coordenadores do projeto Práticas de mineração de dados escaláveis para sistemas de governo, a tecnologia é importante porque as unidades gestoras dos serviços públicos federais lidam com informações muito volumosas, complexas e diversificadas.

“Essa tecnologia pode identificar as boas práticas que já são desenvolvidas na gestão governamental, ou seja, aquelas que levam à economia, à racionalização e à melhoria dos processos. Reconhecendo essas práticas é possível ampliá-las para outras organizações e esferas, como a municipal e a estadual, uma vez que o projeto foca seus esforços, em um primeiro momento, apenas na esfera federal”, explica o professor.

A mineração de dados usa algoritmos capazes de determinar padrões ou modelos que possibilitam, por exemplo, encontrar, em meio a um universo quase infinito de informações, aquelas que são úteis para certa atividade. Para um projeto que lida especificamente com dados do governo federal, Meira explica que foram analisados e minerados bancos de dados reais e que isso possibilita a detecção de futuras anormalidades nos sistemas.

“As técnicas de mineração exigem a adoção de certos parâmetros e configurações. Para a elaboração do software, foi necessário fazer muitas análises sobre as bases de dados reais do governo. Além disso, como a mineração modela o comportamento normal do que deveria se esperar de um banco de dados e de como um sistema deveria agir, qualquer anormalidade ou tentativa de fraude tem uma probabilidade maior de ser detectada", argumenta Wagner Meira.

Depois que a tecnologia for transferida para as empresas interessadas em desenvolver processos usando o software livre desenvolvido pela parceria entre UFMG e Serpro, Meira destaca que a possível próxima etapa dos estudos vai ampliar o uso da mineração de dados para outras bases governamentais.

“Existe uma grande base de dados federal, a partir da qual todas as notas fiscais eletrônicas são emitidas no país. Pretendemos desenvolver novos processos e algoritmos nessa área para facilitar um melhor entendimento desse tipo de dado”, adianta o pesquisador do DCC.

O projeto teve como ponto de partida um software livre (Tamanduá), ferramenta que permite que qualquer pessoa possa alterá-lo, estendê-lo e utilizá-lo, sem a necessidade de ressarcimento. A novidade na transferência de sua tecnologia reside no fato de que os acordos serão firmados com interessados em desenvolver processos para o seu uso. “Os processos, e não o software, é que serão objeto da transferência de tecnologia”, destaca Meira.

Oferta pública
Em cerimônia programada para esta quinta-feira, dia 28, às 14h, no campus Pampulha, será lançado o edital de licenciamento da tecnologia, conduzido pela Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica da universidade (CTIT). A exploração será aberta na modalidade de oferta pública e sem exclusividade, o que permite que várias empresas adquiram o direito de uso e aprimoramento da tecnologia.

O recebimento das propostas se encerra no dia 10 de janeiro, e as empresas selecionadas serão anunciadas em 30 de janeiro. O edital prevê, ainda, critérios mínimos a serem cumpridos pelas empresas interessadas em explorar a tecnologia, como dispor de equipe técnica capacitada e comprovar experiência em desenvolvimento de pesquisas.

A cerimônia de lançamento contará, entre outros, com a presença do professor Renato de Lima Santos, pró-reitor de Pesquisa, de Pedro Vidigal e Juliana Crepaldi, respectivamente diretor e coordenadora da CTIT, e de Anderson Junio Leal Moraes, coordenador regional do Serpro.

(Luana Macieira)