Universidade Federal de Minas Gerais

Sarah Dutra/UFMG
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Lana: variáveis demográficas e sociais também interferem na relação com os bancos

Pesquisa do Cedeplar associa exclusão financeira e desigualdade social no Brasil

sexta-feira, 29 de novembro de 2013, às 5h51

Pessoas muito jovens, pouco escolarizadas, negros, idosos e moradores das áreas rurais e das regiões Norte e Nordeste do Brasil. Em linhas gerais, esse é o perfil dos grupos mais propensos à exclusão financeira, fenômeno que está fortemente associado à pobreza e à desigualdade de renda.

A constatação emerge da tese de doutorado do pesquisador Tonyedson Pereira e Lana, defendida junto ao Programa de Pós-graduação em Economia do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar). Por meio da análise de dados estatísticos extraídos de pesquisas do IBGE e de elaboração de perfis familiares brasileiros, ele explicita como a falta de acesso aos serviços bancários se relaciona com a desigualdade social no país, por meio do fenômeno conhecido como “exclusão financeira”.

“Essa exclusão refere-se ao processo em que as pessoas encontram dificuldades para acessar ou utilizar produtos e serviços adequados às suas necessidades e que as permitam levar uma vida social plena. Uma estatística do Banco Mundial de 2011 mostrou que metade da população adulta mundial não dispunha de qualquer produto financeiro, ou seja, não possuía conta no banco, poupança, cheque ou cartão”, explica.

A primeira etapa da pesquisa foi a elaboração de perfis de famílias brasileiras. Para Lana, a exclusão financeira não se restringe à renda. “Há questões demográficas e sociais que interferem na relação que uma pessoa terá com os bancos. Por isso, traçar esses perfis foi importante para a compreensão do problema.”

A pesquisa identificou alguns grupos peculiares das novas famílias brasileiras, como os idosos que moravam sozinhos e as mulheres que não possuíam cônjuge, mas com muitos filhos para criar. Juntos, eles compunham, no período considerado (2008 e 2009), cerca de 15% das famílias do país, configurando-se como modelos de organização familiar cada vez mais comuns e relevantes para entender o problema da exclusão financeira.

Para montar os perfis, foram usados dados da Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE (POF), de questionários aplicados nos biênios 2002-2003 e 2008-2009. Lana utilizou 150 variáveis extraídas da POF, que vão desde a renda familiar até a região onde a família mora e como ela gasta seu dinheiro.

“A exclusão e a pobreza são multidimensionais. Pessoas em más condições de moradia tendem a ser mais excluídas, mas pudemos observar que o pobre e o negro não são os únicos com pouco acesso aos bancos. Idosos e jovens também integram esse grupo”, aponta o pesquisador.

Por meio de análises econométricas dos dados coletados nas pesquisas do IBGE, Lana constatou, ainda, que o nível de escolaridade é decisivo para evitar que as pessoas fiquem à margem da rede bancária e dos seus serviços.

Cidadania financeira
Entre os anos de 2008 e 2009, 71% da população adulta brasileira não possuía cartão de crédito ou cheque especial. Apenas 10% movimentavam uma conta-poupança e só 17% se relacionavam com o setor bancário. Segundo Lana, as relações sociais estão tão permeadas pelos bancos que, aquele que não possui uma conta e acesso a serviços, acaba também excluído socialmente. “Trata-se de um dos componentes para que a pessoa tenha cidadania plena, o que nos leva a crer que a dificuldade de acesso a esses serviços é causa e consequência da exclusão social”, explica.

A última etapa da pesquisa analisou as políticas governamentais postas em prática para resolver o problema da pobreza e da distribuição de renda no Brasil e, consequentemente, diminuir a exclusão social. Segundo Tonyedson, instrumentos como o Bolsa-Família, por exemplo, ainda que não sejam desenhadas para combater a exclusão financeira, se mostraram importantes para amenizar o problema, pois incluem o saque de benefícios por meio de cartões magnéticos.

“Muitas dessas pessoas que estavam distantes do sistema bancário agora têm um cartão magnético usado para sacar o benefício. Esse primeiro contato pode alterar seu comportamento financeiro. Às vezes, as pessoas têm iniciativa, habilidade gerencial e criatividade, mas não conseguem, por exemplo, um crédito para abrir uma empresa. Isso tende a perpetuar sua condição de pobreza”, diz.

Além das políticas governamentais, Lana destaca a importância da educação financeira para que os atualmente excluídos se convertam em usuários ativos no sistema. “Percebi que ser beneficiário do programa de transferência de renda permite que as pessoas sejam incorporadas ao sistema financeiro, o que acaba modificando sua relação com o dinheiro. Porém, elas precisam ser educadas para utilizar o crédito de maneira adequada, fazendo bons investimentos e poupando parte de seu rendimento”, conclui.

(Luana Macieira)

Tese: Exclusão financeira e sua relação com a pobreza e a desigualdade de renda no Brasil
Autor: Tonyedson Pereira e Lana
Orientadora: Ana Maria Hermeto Camilo de Oliveira
Defendida junto ao Programa de Pós-graduação em Economia do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) em outubro de 2013

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