Universidade Federal de Minas Gerais

Sarah Dutra/UFMG
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Luiz Fernando Campos: questões políticas e sociais se deslocam para espaços informais

Análise sobre informações trocadas no Duelo de MCs aponta para a criação de discurso contra-hegemônico

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014, às 6h00

Ao se debruçar sobre fluxos informacionais motivados pelo chamado Duelo de MCs, conhecida manifestação cultural realizada sob o viaduto Santa Tereza, em Belo Horizonte, o pesquisador Luiz Fernando Campos sustenta que o evento conseguiu criar um novo discurso, de caráter contra-hegemônico, e capaz de difundir ideias de parcela da juventude negra que vive na periferia da capital mineira.

Intitulado Ocupa Belo Horizonte: cultura, cidadania e fluxos informacionais no duelo de MCs e apresentado como dissertação de mestrado do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação, o estudo de Luiz Fernando se baseia na análise de fanzines, cartazes e panfletos distribuídos durante o evento, além dos textos da comunidade do grupo Família de Rua, responsável pela organização do evento, no Facebook e as rimas do Duelo do Conhecimento, competição em que os MCs compõem músicas com temáticas previamente estabelecidas e quase sempre ligadas à cidade, à juventude e ao universo dos participantes do duelo.

“Esses materiais disseminam um tipo de informação diferente da que é publicada nos veículos de comunicação hegemônicos. Nesses espaços analisados, os participantes do Duelo de MCs trocam informações sobre os assuntos que de fato lhes interessam”, aponta Campos.

Ele ressalta que o trabalho de análise dos fluxos informacionais do Duelo de MCs também permitiu a quebra de estereótipos normalmente associados às pessoas que se identificam com a cultura hip hop. “O senso comum liga a cultura hip hop à marginalidade e eu verifiquei que o Duelo de MCs ajuda a quebrar essa visão, uma vez que esse evento conta com um trabalho muito intenso de educação, politização e reivindicação de direitos sociais”.

Como parte dos fluxos informacionais ocorre nas redes sociais, uma ênfase especial foi dada à página do Facebook do coletivo Família de Rua. Lá, os organizadores divulgam os encontros e outras informações referentes à cidade. Para isso, Campos recorreu à netnografia, metodologia que permite analisar o comportamento de usuários de redes sociais.

Além de confirmar que, também no Facebook, as informações que circulam entre os jovens ligados ao Duelo são capazes de disseminar uma cultura que se contrapõe à hegemônica, o autor identificou um perfil de usuário que vai além da periferia e da baixa idade. “É um público bem diverso e que abrange várias classes sociais e faixas etárias”, explica.

BH ocupada
Segundo Luiz Fernando Campos, o Duelo de MCs é também uma forma de reapropriação do espaço público de Belo Horizonte. O pesquisador ressalta que o local onde o encontro é realizado (sob o viaduto Santa Tereza, na região central da cidade), foi novamente ocupado pela população e que isso ocorreu, principalmente, devido à realização do duelo no local.

“Percebemos em Belo Horizonte uma espécie de cerceamento do espaço, com os eventos públicos cada vez mais fechados por grades e catracas. A Prefeitura cria empecilhos e exige alvarás e licenças de forma exagerada, cerceando o direito de grupos culturais como o Família de Rua de usarem o espaço da cidade para divulgar o que produzem”, explica.

Essa reapropriação do espaço pôde ser melhor compreendida por meio do conceito de direito à cidade. “A manifestação do Duelo de MCs promove a cidadania a partir do momento que permite aos cidadãos o exercício de seus direitos, seja ocupando um espaço que é público, seja discutindo as políticas de sua cidade”, diz Campos.

O pesquisador ressalta, ainda, a importância do fluxo informacional do Duelo de MCs para a criação de espaços de sociabilidade, pertencimento coletivo e valorização da cultura negra e periférica. “Tendo como ponto de partida a questão da crise de representatividade do Estado – os cidadãos não mais se identificam com os governantes –, as questões políticas e sociais se deslocam para espaços informais, como o viaduto Santa Teresa. Ocorre também um deslocamento de poderes, pois o duelo mobiliza entre 1.500 e 2 mil pessoas por encontro, ocupando um espaço da cidade que é, de fato, do cidadão”, conclui.

O Duelo de MCs
Criado em 2007, o duelo ocorre semanalmente sob o viaduto Santa Teresa, na região central de Belo Horizonte. Em junho do ano passado, por motivos de segurança e dificuldades com o poder público, o grupo interrompeu os duelos, retornando às atividades em novembro, com apresentações aos domingos à tarde.

Considerado por muitos como um dos principais responsáveis pela recente cena cultural do baixo centro de BH, o evento conta com edições nacionais, cujos participantes são MCs renomados de todas as partes do Brasil. O duelo, organizado pelo coletivo Família de Rua, é voltado para disputas musicais da cultura hip hop, movimento cultural que engloba o rap, o DJing, o breakdance e o graffiti.

(Luana Macieira)

Dissertação: Ocupa Belo Horizonte: cultura, cidadania e fluxos informacionais no duelo de MCs
Autor: Luiz Fernando Campos de Andrade Júnior
Orientadoras: Maria Aparecida Moura e Maria Guiomar da Cunha Frota
Defendida em novembro de 2013 junto ao Programa de Pós-graduação da Escola de Ciência da Informação da UFMG

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