Universidade Federal de Minas Gerais

Em livro, historiadora analisa papel de escritores latino-americanos na disseminação do ideário da Revolução Cubana

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014, às 5h55

adriane%20vidal.jpg Durante a década de 1960, Cuba transformou-se na grande anfitriã do mundo letrado latino-americano devido à adoção de uma eficiente política cultural. Consciente da estreita relação entre arte e revolução, o governo revolucionário teve grande preocupação em buscar adesão de intelectuais – locais e estrangeiros – para, entre outros objetivos, ganhar apoio e legitimar o movimento.

Palco aglutinante de muitos pensadores, a Ilha foi designada pelo historiador argentino Túlio Halperín Donghi como uma espécie de “Roma antilhana”, tamanhos fascínio e atração que despertava nos intelectuais, principalmente aqueles mais próximos à ala progressista.

Esse panorama cultural subjacente à política insurreta é tema do livro Intelectuais, política e literatura na América Latina: o debate sobre revolução e socialismo em Cortázar, García Márquez e Vargas Llosa, lançado pela professora Adriane Vidal Costa [em foto de Sarah Dutra/UFMG], do Departamento de História da Fafich.

Ela partiu dos três autores – que tiveram forte engajamento com a Revolução, cada um a seu modo – para mapear a rede de sociabilidade gerada pelos pensadores latino-americanos em torno de Cuba, compreender o papel do intelectual e a função exercida pela literatura à época.

“Uma forma importante que o governo usava para buscar o apoio desses intelectuais era convidá-los a ir a Cuba – seja para eventos culturais, como júris literários ou como parte do conselho editorial e consultivo da Casa das Américas [revista literária cubana com a qual colaboravam intelectuais do mundo todo, abordando questões concernentes à América Latina e Caribe]”, explica Adriane.

O repertório discursivo dessa rede intelectual, segundo a historiadora, apelava, principalmente, para a integração cultural latino-americana, a defesa da causa cubana e do socialismo, a promoção da luta anti-imperialista e o fortalecimento do compromisso político-social do escritor. “Influenciados pelo pensamento sartriano, eles defendiam que o intelectual deveria converter-se em agente de transformação social”, ela expõe.

Fontes especiais
A visada particular de Adriane Vidal sobre a literatura no contexto da sublevação vem na esteira de um processo de renovação do modo de tecer a história política. “Nas últimas décadas do século 20 houve uma renovação historiográfica que trouxe novas abordagens, objetos e problemas para lidar com o político. A partir daí, surge uma preocupação com o estudo da história das ideias e das culturas políticas”, esclarece.

Seguindo esse raciocínio, Adriane Costa opta por trabalhar na linha da história intelectual e dos intelectuais. Para cartografar o pensamento dos três literatos, utiliza correspondências pessoais, ensaios, romances, entrevistas e artigos jornalísticos.

“Uma característica comum aos três escritores é que eles têm um trânsito muito forte no jornalismo; às vezes a gente não consegue separar nitidamente o jornalista do ficcionista”, justifica a autora. A partir desses documentos, ela analisa o engajamento político, a particularidade da trajetória de cada um junto à revolução e ao socialismo e sua contribuição na repercussão social desse ideário.

Adriane Vidal, que desde o mestrado trabalha na interface história e literatura, classifica os romances e outras obras de ficção como “fontes especiais”. “São documentos para os quais temos que olhar de forma diferenciada, tentando demarcar as especificidades de cada área. Cada uma dessas duas formas discursivas [história e literatura] tem sua identidade, e elas devem ser preservadas e respeitadas. Mas isso não impede que o historiador use a literatura como fonte. O que existe ali não é valor de verdade, mas uma representação do real. A literatura tem esse poder de, a sua maneira, representar a realidade. É isso que eu busco nela.”

Livro: Intelectuais, política e literatura na América Latina: o debate sobre revolução e socialismo em Cortázar, García Márquez e Vargas Llosa
Autora: Adriane Vidal Costa
Editora: Alameda Editorial
Apoio: Fapemig
Preço: R$ 58

(Bárbara Pansardi/Boletim 1849)

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