Universidade Federal de Minas Gerais

Tese da Veterinária descreve, pela primeira vez, bactéria que age em equinos, animais silvestres e cães

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014, às 5h51

Rodrigo%20Otavio%20-%20Creditos%20Sarah%20Dutra.JPG Pela primeira vez uma bactéria que causa diarreia em animais foi descrita no Brasil. Trata-se da Clostridium difficile, padronizada e analisada no doutorado do pesquisador Rodrigo Otávio Silveira Silva [na foto de Sarah Dutra/UFMG].

Na tese Clostridium difficile: padronização e avaliação de métodos de diagnóstico, ocorrência em seres humanos e animais e desenvolvimento de um modelo experimental em hamster, defendida em janeiro deste ano, o pesquisador foi o primeiro a observar a ocorrência da doença em animais carnívoros silvestres, como jaguatirica, lobo-guará e onça parda, além de equinos e cães.

Segundo o pesquisador, a pesquisa é inédita no Brasil. “Ainda não havia nenhum estudo sobre esse microrganismo no país. Clostridium difficile é uma bactéria anaeróbia que foi descoberta em 1930, mas só na década de 1980 os pesquisadores perceberam que ela era um agente patogênico. Durante o meu mestrado, iniciamos uma série de descobertas sobre essa bactéria”, explica Rodrigo Otávio Silva.

Durante seu mestrado, Rodrigo Otávio descobriu que a bactéria causava espécie de diarreia em suínos, sendo responsável pela diminuição do peso em filhotes de leitão, gerando perda de produção em granjas. Após a conclusão do mestrado, o pesquisador decidiu ampliar os estudos sobre a doença para outros animais e humanos. "No caso de cães e equinos, a doença é grave e, se não for tratada de forma correta e rapidamente, leva à morte”, diz Silva.

Depois das pesquisas realizadas no Laboratório de Anaeróbicos da Escola de Veterinária da UFMG, os agentes foram avaliados em um laboratório da Eslovênia. O objetivo dessa etapa era verificar se a bactéria que provoca a diarreia em animais se assemelhava ao causador da doença em humanos.

“Como a doença ocorre muito em animais e em seres humanos, surgiu a suspeita de que se tratava de uma zoonose, ou seja, uma doença que pudesse ser transmitida de animais para humanos e vice-versa. No laboratório da Eslovênia, percebemos que os agentes são bem parecidos, o que corrobora a ideia de que seja mesmo uma zoonose”, afirma o pesquisador.

Vacina
Durante o pós-doutorado, o pesquisador pretende dar início ao desenvolvimento de uma vacina, uma vez que até o momento a doença é tratada apenas por antimicrobianos. Silva também pretende elaborar fôlderes informativos para serem distribuídos aos veterinários. Segundo ele, o conhecimento sobre a doença ainda é restrito à academia.

“No Brasil é muito comum tratar animais doentes com antibióticos. No caso dessa diarreia, que comumente ataca animais com a microbiota bacteriana alterada – consequência do uso excessivo de antibióticos –, esses medicamentos podem piorar o quadro”, justifica o pesquisador.

Em humanos
Os estudos também foram conclusivos nas análises em humanos. A doença já era conhecida em ambiente hospitalar, onde está frequentemente associada a infecções. Em trabalho de campo no Hospital das Clínicas, Rodrigo Otávio observou como a infecção por Clostridium difficile aparecia em humanos, uma vez que muitos pacientes apresentavam a doença, mas poucos eram diagnosticados com a bactéria.

“Em humanos, essa infecção é hospitalar. A pessoa está internada por um motivo qualquer e aí apresenta diarreia. Os médicos do HC suspeitavam que a causa da infecção pudesse ser Clostridium difficile e mandavam as amostras de fezes para o laboratório. Analisamos amostras de 104 pacientes e 30% deram positivo para a doença”, explica.

Silva explica que o diagnóstico feito no laboratório, com equipamentos mais modernos e por meio de um método mais elaborado de cultura de células, consegue fazer uma análise mais precisa que a dos hospitais, onde são comumente utilizado kits de Elisa (do inglês Enzyme-Linked ImmunoSorbent Assay), testes capazes de detectar a toxina do agente e muito usados para diagnóstico da infecção.

“Percebemos que o kit Elisa possuía uma sensibilidade baixa para detectar Clostridium difficile. Dessa forma, muitos pacientes eram diagnosticados como falso negativo e saíam do isolamento, sendo colocados com outras pessoas no hospital e as infectando posteriormente. Deduzimos que esse falso diagnóstico pode ser um dos motivos para a infecção persistir no ambiente hospitalar”, diz.

O pesquisador ressalta a necessidade de diagnóstico mais preciso em humanos, apesar de a doença não trazer risco de morte. “A infecção hospitalar é um problema grave e que acontece em todo mundo. Se uma pessoa com Clostridium difficile for corretamente diagnosticada e colocada em isolamento, ela dificilmente passará a doença para outros pacientes, o que vai reduzir o grau de infecção”, conclui o recém-doutor.

Tese: Clostridium difficile: padronização e avaliação de métodos de diagnóstico, ocorrência em seres humanos e animais e desenvolvimento de um modelo experimental em hamsters
Autor: Rodrigo Otávio Silveira Silva
Orientador: Francisco Carlos Faria Lobato
Defendida em janeiro de 2014 junto ao Doutorado em Ciência Animal da Escola de Veterinária da UFMG

(Luana Macieira)

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