Oficina vai tratar de enigmas e mistérios da física e da matemática

Apesar do que sugere o nome, as “ciências exatas” nem sempre são tão exatas assim – ao menos não no sentido estrito da palavra. Enigmas, paradoxos e ilusões ocasionalmente colocam os físicos de cabelos em pé. E também os químicos, os matemáticos, os estatísticos...

Com o intuito de compartilhar com o público leigo as provocantes teorias e reflexões feitas nas ciências exatas a respeito desses enigmas, o Festival de Verão da UFMG de 2014 oferece neste ano a oficina Enigmas da Ciência e da Tecnologia.

A atividade terá duas partes. A primeira ocupa os dois primeiros dias, 1º e 2 de março, e será ministrada por Aba Cohen Persiano, professor e pesquisador do Departamento de Física do Instituto de Ciências Exatas (ICEx), além de proponente e coordenador do curso Einstein no Terceiro Milênio (E3M). A segunda ocupa os dois dias finais, 3 e 4 de março, coordenada pelo professor Heleno Cunha, do Departamento de Matemática do ICEx, com atividades ministradas por ele e por professores convidados.

No sábado, Persiano realizará demonstrações em interação com os participantes com foco nos enigmas que a física traz. “Vamos trabalhar os ‘Enigmas quanto ao muito rápido e ao muito massivo’ e discutir questões como as distorções do tempo e do espaço e a conversão da matéria em energia, conforme a Teoria da Relatividade Especial (TRE). Também vamos abordar a gravidade e a curvatura do espaço-tempo segundo a Teoria da Relatividade Geral (TRG)”, diz.

O professor falará ainda sobre as possíveis geometrias para o nosso Universo, a Lei de Hubble, os buracos negros, a matéria escura, a expansão acelerada do Universo e a energia escura.

Já no domingo, o foco estará nos “Enigmas quanto ao muito pequeno: Física Quântica e Nuclear”. “Vou falar sobre átomos: emissões espectrais descontínuas, efeito fotoelétrico, ondas de matéria, o princípio de incerteza, o paradoxo EPR, o gato de Schrodinger, entre outros. Mas tudo de uma forma bem simples e com uma boa abordagem introdutória, de forma que todo participante que tenha ao menos o ensino médio consiga participar, compreender e se surpreender com os enigmas da física.”

Quando dois mais dois não dá quatro
No terceiro e no quarto dia de oficinas, os professores vão trabalhar com os participantes os enigmas da matemática. O professor Heleno Cunha detalha a programação.

“Em 2013, o Palácio das Artes abrigou uma grande exposição das obras do artista holandês M.C. Escher. Aproveitando esta oportunidade, o Departamento de Matemática da UFMG, em parceria com a Fundação Clóvis Salgado, promoveu um ciclo de palestras sobre alguns aspectos matemáticos que podem ser observados nas obras de Escher. No Festival, reapresentaremos, em parte, este ciclo”, diz o professor.

As palestras passarão pela biografia do artista e pelos objetos matemáticos presentes em sua obra, além de proporem a abordagem de temas como a geometria projetiva, a geometria hiperbólica e a teoria algébrica de pavimentação. “Todas as palestras são de caráter elementar, sem pré-requisitos, e visam apresentar, de forma simples e didática, como o artista gráfico utilizou interessantes conceitos e construções matemáticas para criar suas obras”, destaca Heleno Cunha.

Em uma das palestras, por exemplo, serão apresentados alguns dos mais conhecidos desenhos do artista, nos quais ele desafia as leis da perspectiva representando imagens de objetos que, aparentemente tridimensionais, na verdade não podem existir na realidade. “Com papel e lápis reproduziremos, junto com os participantes, alguns desses desenhos. Com material do cotidiano, como papel, cola e tesoura, construiremos alguns dos desenhos possíveis, mostrando suas propriedades matemáticas”, explica a professora aposentada da UFMG Susana Fornari, responsável por ministrar a palestra.

Outra atividade desenvolvida nesta segunda parte da oficina será um exercício de construção de poliedros, abordando os conceitos matemáticos por trás desses objetos. "A palavra poliedro vem da junção das palavras poli (vários) e edron (face). São figuras geométricas que estão presentes em nosso cotidiano. Um dado, uma pirâmide e um balão de São João são exemplos cotidianos de poliedros”, diz o professor Heleno Cunha. “Na oficina, aprenderemos a construir alguns desses objetos de forma simples, usando materiais cotidianos e acessíveis, e também exploraremos algumas de suas propriedades matemáticas de maneira desmitificada e lúdica", completa.

Os contatos para informações sobre as inscrições ou mais detalhes sobre as oficinas são (31) 3409-6411, festivalveraoufmg@gmail.com e www.ufmg.br/festivaldeverao. Durante o evento, informações pelo telefone (31) 3409-8278.

Enigmas da Ciência e da Tecnologia
Professores: Aba Cohen Persiano e Heleno Cunha
Vagas: 30