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Como parte da programação da oitava edição do Festival de Verão, o Espaço do Conhecimento UFMG realiza no próximo sábado, dia 1º, a partir das 11h, o primeiro Café Controverso do ano, com o tema Carnaval, música e outras anarquias. A entrada é franca. Participam do debate Koji Pereira, mestre em arte e tecnologia pela UFMG, e o português Rui Eduardo Paes, escritor e crítico de música. Na ocasião, eles vão refletir sobre as performances do carnaval e da música de improviso como geradores de sentimentos libertários e impulsos anárquicos. Também será tema da conversa a relação entre a anarquia e a ocupação de praças e ruas da cidade, a ocupação como forma de reivindicação de pautas sociais e o desejo de fruição livre e compartilhada do espaço público, entre outros assuntos. Koji Pereira foi o articulador do Carnaval revolução, evento realizado em Belo Horizonte entre 2002 e 2008 cuja proposta era fazer da folia um momento de reflexão e atuação política – a festa e a música eram mobilizadas como motores de reivindicação e transformação social. Nesse sentido, Koji defende que o carnaval que vem crescendo atualmente em Belo Horizonte – oriundo de iniciativa popular – tem certa ligação com as sementes anárquicas que foram plantadas no período 2002-2008. “Entendo o ‘anárquico’ como algo organizado em sua base e sem hierarquias. No sentido dessa definição, sem dúvida o carnaval de BH, pelo menos esse dos blocos, tem uma característica fortemente anárquica”, sugere. “E nunca curtimos a ideia de que a revolução precisava ser um negócio chato. Partimos da premissa da Emma Goldman: ‘se não posso dançar, não é minha revolução’. Acredito que uma coisa deve vir junto com a outra”, completa. O universo musical como microcosmo social Nesse sentido, Rui defende que a verdadeira matriz anárquica da música se encontra no improviso, no rompimento com os modelos de produção e consumo capitalista. “A música improvisada é espontânea e recusa o imperativo de uma pauta. E acontece na mais democrática, igualitária e livre das circunstâncias, como criação de um coletivo de participantes”, define. Sobre o Espaço Café Controverso: carnaval, música e outras anarquias
No que diz respeito ao fazer musical, Rui Eduardo Paes pondera que, na maior parte das práticas musicais, os modelos hierárquicos e autoritários das sociedades são reproduzidos. “Uma orquestra sinfônica é um bom exemplo: o compositor e o maestro são ‘ditadores’, ainda que alguns possam ser benévolos, e os naipes são organizados segundo níveis de responsabilidade”, lembra.
O Espaço do Conhecimento UFMG integra o Circuito Cultural Praça da Liberdade e é fruto da parceria entre a UFMG, o Governo de Minas e a operadora TIM. Com apoio da Fapemig e patrocínio da Codemig, ele estimula o desenvolvimento de um olhar crítico sobre a produção de saberes. Sua programação diversificada inclui exposições, cursos, oficinas e debates. Outras informações sobre o Espaço do Conhecimento UFMG podem ser obtidas em seu site: www.espacodoconhecimento.org.br.
Debatedores: Koji Pereira e Rui Eduardo Paes
Entrada franca