Universidade Federal de Minas Gerais

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Pereira: método pode reduzir efeitos adversos do tratamento do câncer

Tese da Farmácia propõe implante de talidomida como tratamento para o câncer de mama

quinta-feira, 27 de março de 2014, às 5h52

Um medicamento considerado perigoso em décadas passadas continua sendo reabilitado pela ciência. Uma possível aplicação da talidomida é no combate ao câncer de mama, tratamento proposto pelo pesquisador Bruno Gonçalves Pereira na tese Implante polimérico biodegradável contendo talidomida: desenvolvimento e avaliação de efeito biológico em modelos experimentais de angiogênese e tumoral murino, defendida no Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da UFMG e realizada em parceria com a Fundação Ezequiel Dias. O método se baseia na liberação da talidomida no organismo por meio do implante de polímeros biodegradáveis nos tumores.

“No Brasil, a talidomida é usada no tratamento da hanseníase, mas sabíamos de uma possível aplicação contra o câncer, já descrita na literatura médica. Como essa substância já foi muito utilizada por mulheres grávidas, nas quais vários efeitos adversos foram observados, ela foi, por muito tempo, considerada vilã”, explica Pereira. A má-formação de braços e pernas dos bebês estão entre esses efeitos.

Segundo o pesquisador, a Faculdade de Farmácia da UFMG conta com grupo de pesquisa especializado no desenvolvimento de implantes usados principalmente no tratamento de doenças oculares. No caso do câncer de mama, a talidomida é inserida em um polímero em forma de bastão, com quatro milímetros de comprimento e um milímetro de diâmetro.

Esse bastão foi aplicado dentro do organismo de camundongos, próximo ao tumor. “Isso é feito por meio de cirurgia ou de uma seringa apropriada. Já dentro do organismo, a talidomida é liberada no tumor, de forma gradativa. Ao final do processo, o bastão, por ser biodegradável, é absorvido”, detalha.

As doses de talidomida liberadas por meio do implante são menores que as que seriam necessárias caso o paciente tomasse a medicação via oral. Dessa forma, os efeitos adversos do medicamento devem ser reduzidos. “A expectativa é de que a liberação mais localizada dos implantes ajude a reduzir os efeitos adversos da talidomida. Com o implante, a substância deve chegar ao restante do organismo em concentrações bastante reduzidas. Ela será liberada diretamente na região do tumor”, diz o pesquisador.

Bruno Pereira destaca, ainda, que a redução de efeitos colaterais é um dos principais objetivos dos pesquisadores que trabalham com o desenvolvimento de novos tratamentos contra o câncer. “Em relação ao câncer, o balanço entre riscos e efeitos colaterais e benefícios é diferente, porque a maioria dos tratamentos atuais provoca efeitos adversos, deixando as pessoas fracas e as impedindo de trabalhar e de sair de casa”, diz.

Medicamento bloqueia crescimento dos tumores
A talidomida impede o crescimento do tumor cancerígeno, uma vez que bloqueia a formação de novos vasos sanguíneos no tumor, reduzindo a inflamação no local onde é aplicada. “Além disso, a talidomida causa necrose, ou seja, a morte das células tumorais”, diz Pereira.

A primeira etapa da pesquisa contou com a avaliação do comportamento do medicamento dentro dos bastões biodegradáveis. Em seguida, o pesquisador caracterizou a sua liberação, observando como isso ocorria no meio biológico durante a decomposição do bastão. A terceira etapa verificou se a quantidade de talidomida liberada era suficiente para alcançar os efeitos desejados.

“Nessa etapa do processo, fizemos um teste com aplicação de uma esponja, que induz uma resposta inflamatória e a formação de uma rede de vasos sanguíneos. Colocamos o implante ali para ver se ele conseguiria diminuir essa formação de vasos”, explica o pesquisador.

Os testes preliminares apontaram redução de 47% dos tumores em um modelo de tumor sólido de Ehrlich nos camundongos que receberam os implantes. Para Bruno Pereira, as próximas etapas da pesquisa são de extrema importância para comprovar a viabilidade e eficácia do tratamento. Ele também prevê a necessidade de testes com outros tipos de tumores.

“Realizamos testes apenas em um modelo de câncer de mama, agora vemos a necessidade de examinar outros tumores. Além de comprovarmos a eficácia do método, vamos avaliar a farmacocinética da talidomida, ou seja, a quantidade dessa substância que está chegando nas diferentes partes do organismo. A redução dos efeitos adversos também precisa ficar comprovada. A partir daí, se comprovarmos o interesse do implante, partiremos para estudos clínicos, com pessoas”, conclui o pesquisador.

Má-formação
A talidomida foi desenvolvida na Alemanha em 1954. Inicialmente comercializada em 146 países, seu uso era indicado para controlar a ansiedade e para o tratamento de tensão e náuseas. Na década de 1960, pesquisadores começaram a observar graves efeitos adversos na sua administração em mulheres grávidas, o que fez com que a droga deixasse de ser comercializada.

Durante os três primeiros meses de gravidez, o medicamento causa focomelia, a má-formação do feto por meio do encurtamento dos membros junto ao tronco. Crianças nascidas entre as décadas de 1950 e 1960 foram chamadas de “bebês da talidomida” por apresentarem vários problemas de má-formação. Estima-se que cerca de 10 mil pessoas em todo mundo nasceram com problemas causados pelo medicamento.

Em 1965, pesquisadores descobriram os efeitos benéficos da droga no tratamento da hanseníase, o que levou ao retorno de sua comercialização. Ainda hoje, milhares de pessoas recebem indenizações dos governos de seus países e de laboratórios farmacêuticos devido aos problemas causados pela talidomida. No Brasil, a produção da droga é feita exclusivamente pela Fundação Ezequiel Dias para atendimento aos programas de hanseníase e lúpus do Ministério da Saúde.

Tese: Implante polimérico biodegradável contendo talidomida: desenvolvimento e avaliação de efeito biológico em modelos experimentais de angiogênese e tumoral murino
Autor: Bruno Gonçalves Pereira
Orientador: Armando da Silva Cunha Junior
Defendida em fevereiro de 2014 junto ao Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da UFMG

(Luana Macieira)

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