Uma sessão de depoimentos pontuados por histórias sobre a trajetória da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) marcou, na noite desta segunda-feira, 28, a celebração dos 75 anos de fundação da Unidade, completados no último dia 21. Conduzida pelo diretor Fernando Filgueiras, a sessão, intitulada Em três tempos: um espaço para a memória, contou com a participação dos professores aposentados e ex-diretores da Fafich Vera Alice Cardoso Silva (gestão 1998-2002) e Paulo Roberto Saturnino (gestão 1986-1990), além da professora do departamento de Psicologia e pró-reitora adjunta de Extensão, Cláudia Mayorga. Os convidados divertiram e emocionaram o público com seus depoimentos. “Nos primeiros anos da Fafich, o prédio [localizado no edifício Acaiaca, Centro, e posteriormente na rua Carangola, no bairro Santo Antônio] era um território aberto de convivência sociopolítica. Lá havia um movimento de resistência não armada, levado a cabo pela elite pensante de Belo Horizonte”, relembrou Vera Alice. Com muito bom humor, Saturnino resgatou fatos curiosos ocorridos na Faculdade em décadas passadas, falou sobre a dificuldade de se conseguir recursos para erguer a sede no campus Pampulha e da configuração da Fafich como espaço de abrigo de vários movimentos e organização da guerrilha política. “Tamanha pluralidade é fruto da própria natureza imprecisa da Fafich: uma instituição que não sabia ao certo a que poderia dizer ‘sim’ e, portanto, desconhecia a maneira de dizer ‘não’”, analisou. Que Fafich queremos? Em seu pronunciamento, o reitor Jaime Arturo Ramírez destacou a excelência dos cursos de graduação e pós-graduação da Fafich. “A qualidade comprovada por seus índices, no entanto, nunca interferiu na postura crítica, democrática e generosa com que todos os segmentos da comunidade acadêmica se posicionam perante a produção do conhecimento e diante da sociedade em geral”, avaliou Jaime Ramírez. Fernando Filgueiras salientou o caráter "aberto e plural" de todos os que integraram a unidade ao longo das décadas. "A Fafich é feita por pessoas sem destino certo, cujo sentimento supera a razão. Não pensamos nos entraves, mas no gozo da jornada. Ser 'faficheiro' é isso", definiu o o diretor. Também foram homenageadas a servidora Inês dos Santos Leão e, nas figuras dos seus atuais diretores, as unidades originárias da Fafich, como o Instituto de Ciências Exatas (ICEx), a Faculdade de Letras (Fale) e a Faculdade de Educação (FaE). Outro destaque foi a apresentação musical do mestrando em Ciência Política Wesley Matheus. Além do reitor e do diretor da Fafich, compuseram a mesa a vice-reitora Sandra Goulart Almeida, o vice-diretor da Fafich, Carlo Gabriel Pancera, e o reitor da UFMG na gestão 1994-1998, professor Tomaz Aroldo da Mota Santos.
A professora Cláudia Mayorga, que estudou na Faculdade de 1992 a 1996, abordou as mudanças que observou ao retornar como professora, em 2006. “A bolsa de iniciação científica, que era um ‘luxo’ no início dos anos 90, hoje supera a demanda”, exemplificou. Ela destacou a efervescência cultural que sempre prevaleceu na Unidade e terminou seu discurso suscitando o seguinte questionamento: “Que Fafich queremos ser no futuro?”.