Universidade Federal de Minas Gerais

Sarah Dutra/UFMG
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Rodrigo Marques: desigualdade socioeconômica tem raízes no modelo educacional

Tese da ECI põe em xeque modelo econômico do Vale do Silício

sexta-feira, 9 de maio de 2014, às 5h41

Berço de grandes empresas de tecnologia, como a Google e a Apple, o Vale do Silício, na Califórnia, sempre foi considerado paradigma de boas oportunidades de trabalho e modelo econômico exemplar. Essa visão, no entanto, é limitada e parcial, de acordo com o pesquisador Rodrigo Moreno Marques, autor de tese Intelecto geral e polarização do conhecimento na era da informação: o Vale do Silício como exemplo, defendida na Escola de Ciência da Informação.

Suas conclusões sugerem que o modelo vigente na região apresenta contradições que não têm recebido a devida atenção por parte das análises acadêmicas tradicionais, expondo o caráter excludente de um sistema que fomenta a expansão de desigualdades socioeconômicas.

Ao longo da pesquisa, ele realizou sete entrevistas semiestruturadas com representantes dos trabalhadores do Vale do Silício, que abrangem cidades como San Jose, Palo Alto, Mountain View, Cupertino, Sunnyvale e Santa Clara. Foram entrevistados diretores de sindicatos e organizações não governamentais ligadas ao universo do trabalho na região, como o ex-presidente do sindicato Communications Workes of America, que representa mais de 700 mil trabalhadores locais.

Os sindicalistas responderam a perguntas estruturadas em torno de três eixos temáticos: informação, conhecimento e economia; informação, conhecimento e trabalho; informação, conhecimento e propriedade intelectual. Em linhas gerais, diz Rodrigo Marques, esses líderes argumentam que o modelo econômico do Vale do Silício não deve ser copiado.

“Segundo esses trabalhadores, o modelo acentua desigualdades socioeconômicas e é extremamente excludente. O trabalho fabril que migrou para a Ásia levou uma série de empregos, e os trabalhadores que restaram no Vale não têm a qualificação necessária para se engajar nas empresas que estão hoje na região”, diz.

O pesquisador acrescenta que a realidade atual do Vale do Silício não é fruto de um movimento natural ou espontâneo, mas decorre da política de Estado norte-americana, voltada para o desenvolvimento fundamentado na produção intelectual e inovativa, patentes e direitos de cópia.

“Os Estados Unidos buscam desenvolver uma economia que não dependa tanto da produção fabril, mas baseado na produção dos bens intangíveis, originários do trabalho intelectual”, afirma.

A série de entrevistas revelou, ainda, que a dinâmica econômica excludente tem raízes no modelo educacional adotado no Vale do Silício, onde a distribuição de recursos para as escolas é feita em função de arrecadação tributária regional. Dessa forma, as localidades que recolhem mais impostos recebem mais recursos para a educação, o que favorece uma crescente polarização do conhecimento.

Segundo ele, na mesma região onde existem algumas das melhores escolas e universidades dos Estados Unidos, há comunidades pobres cujas escolas estão em decadência e recebem cada vez menos recursos. “Somente uma minoria tem acesso a um sistema educacional de excelência que prepara as pessoas para os empregos que exigem alta qualificação”, explica Marques.

Dos eletrônicos aos bens intangíveis
Durante o século 20, o Vale do Silício participou decisivamente do desenvolvimento de inovações tecnológicas revolucionárias, como a transmissão sem fio, o microprocessador digital, o computador pessoal e a internet. Ao longo da sua história, a região aderiu a cada novo desenvolvimento tecnológico emergente. “Historicamente, o Vale do Silício é ligado à inovação tecnológica, desde a época do desenvolvimento do rádio, passando pela indústria eletrônica, de informática e internet”, explica Marques.

Nos anos 1970 e 1980, a economia da região era dominada por fabricantes de circuitos integrados, computadores e outros produtos eletrônicos. Com a migração da produção fabril para a Ásia, o Vale do Silício está cada vez mais ocupado por empresas que produzem os chamados “bens intangíveis”, como Adobe, E-Bay, Facebook, Google, Oracle e Yahoo.


Tese: Intelecto geral e polarização do conhecimento na era da informação: o Vale do Silício como exemplo
Autor: Rodrigo Moreno Marques
Orientador: Marta Macedo Kerr Pinheiro
Defendida em 12 de março no Programa de pós-graduação em Ciência da Informação da Escola de Ciência da Informação (ECI)

(Luana Macieira/Boletim 1862)

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