Eurico Zimbres |
Um curativo que promete acelerar o processo de cicatrização da pele, desenvolvido a partir do barbatimão e da quitosana, foi patenteado pela UFMG. O barbatimão é uma árvore nativa do cerrado brasileiro e sua casca, popularmente utilizada com fins medicinais há séculos. Já a quitosana é uma fibra natural obtida do exoesqueleto de crustáceos. A eficácia da associação entre o extrato hidroalcoólico de barbatimão e o filme de quitosana no tratamento de lesões cutâneas foi comprovada em ratos, conforme descrito na tese de doutorado da cirurgiã Sumara Marques Barral, defendida este ano junto ao Programa de Pós-graduação em Ciências Aplicadas à Cirurgia e à Oftalmologia da Faculdade de Medicina da UFMG. A pesquisa também teve contribuição dos professores André Faraco e Raquel Castilho, da Faculdade de Farmácia da UFMG. Castilho identificou e quantificou as substâncias presentes em um extrato padronizado, ou seja, com a mesma quantidade substancial de ativos. A esse extrato, foi adicionada uma nanopartícula à base de quitosana, sintetizada pelo professor André Faraco. A orientadora da tese, Ivana Duval, professora do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina, explica como o novo curativo pode ser aplicado. “Quando se tem um extrato purificado, fica mais fácil obter um produto industrializável. Lógico que ainda há algumas etapas pendentes, mas dispomos hoje de um produto que pode ser entregue à indústria para gerar um curativo eficiente”, afirma. Cicatrização “O resultado mostrou que o grupo que recebeu o barbatimão associado com a quitosana apresentou taxas de cicatrização mais elevadas”, relata Sumara. Ela observou ainda que o processo de inflamação, inerente à cicatrização, não foi tão intenso, outro ponto considerado positivo, pois a inflamação retarda o processo cicatrizatório. Sumara pondera, no entanto, que novas pesquisas precisam ser desenvolvidas para aperfeiçoar o curativo, como a possibilidade de tornar a aplicação mais fácil. A intenção é que o produto final seja um curativo semelhante a uma pequena placa, feita com uma sustância biodegradável, capaz de se dissolver na pele e liberar o medicamento gradualmente. Assim, não será necessário retirar o curativo até que a cicatrização se complete. Para Sumara Barral, essa é uma das maiores vantagens, já que, no processo de troca, a maioria dos curativos acaba retirando também as células jovens da pele. “Nós, que trabalhamos na clínica, sabemos a dificuldade da adesão do paciente ao tratamento, quando se faz um curativo que precisa ser trocado constantemente. Se houver um que só precise de nova aplicação na outra semana, é muito mais fácil”, completa a orientadora Ivana Duval. A principal contribuição da pesquisa é justamente a possibilidade de melhorar o processo de cicatrização, com a introdução de um curativo com capacidade superior aos que já existem no mercado. E ainda mais barato, por ter como matéria-prima a quitina, o segundo polímero mais abundante do mundo. Tese: O uso do extrato hidroalcoólico de barbatimão associado ao filme (Assessoria de Comunicação da Faculdade de Medicina)
Para analisar a eficácia do produto, foram realizados testes com 32 ratas, com ferimentos de igual tamanho no dorso, dividas em grupos, que receberam diferentes curativos: o hidrocoloide, de uso padrão; o filme de quitosana puro; o filme de quitosana associado à fração enriquecida de barbatimão; e apenas uma tira de luva para cobrir o ferimento.
de quitosana para a cicatrização cutânea de ratos wistar fêmeas
Autora: Sumara Marques Barral
Orientadora: Ivana Duval Araújo
Co-orientadora: Paula Vieira Teixeira Vidigal
Programa: Ciências Aplicadas à Cirurgia e à Oftalmologia
Defesa: Janeiro de 2014