Um tablado montado entre goiabeiras, envolvido por peças de pano sustentadas por estruturas de bambus. No centro, bancos de madeira, onde as autoridades se acomodaram, substituíram a tradicional mesa de auditório que compõe o cenário de solenidades oficiais organizadas na Universidade. Foi nesse ambiente simples e acolhedor que ocorreu a cerimônia de abertura do 46º Festival de Inverno da UFMG, na noite desta sexta-feira, dia 18, na Estação Ecológica. A solenidade reuniu dezenas de pessoas da comunidade universitária, entre dirigentes, professores, servidores técnicos e administrativos e alunos, além de lideranças e representantes de grupos sociais e etnias que participarão do evento até o próximo dia 26. O coordenador do evento, professor César Guimarães, lembrou que o Festival de Inverno retorna a Belo Horizonte depois de 23 anos, num momento em que a cidade é muito maior e complexa, fenômeno que também atinge a UFMG. “Somos uma universidade modificada por políticas de cotas e inclusão. O Festival chega para ajudar a transformar a hostilidade armada da cidade em hospitalidade. Uma hospitalidade que se traduz também na abertura para saberes não tradicionais”, afirmou Guimarães, numa alusão à proposta do Festival de acolher manifestações de culturas não hegemônicas como as afro-brasileiras e indígenas. Convidado a compor a mesa de abertura, o antropólogo guarani kaiowá Tonico Benites agradeceu a oportunidade que representantes de povos indígenas das cinco regiões brasileiras terão para expressar sua luta. “Temos sobrevivido com muitas dificuldades”, relatou o líder indígena. Bênção e agradecimentos A professora Leda Maria Martins, diretora de Ação Cultural, órgão responsável pela organização do Festival de Inverno, disse que o evento é muito mais que uma ação cultural, “pois oferece uma grande oportunidade de se pensar uma política cultural para UFMG integrada com a sociedade em sua diversidade”. A diretora também destacou o esforço de vários setores da UFMG para fazer o evento se tornar realidade com pouco mais de três meses de preparação. “Tenho aqui uma lista enorme, com dezenas de órgãos”, afirmou Leda Martins. Na mesma linha, a vice-reitora Sandra Goulart Almeida também agradeceu “aos que dedicaram esforços e tempo para realizar um festival em condições mais adversas do que as de anos anteriores”. Destacou o trabalho das equipes curadora e da DAC e agradeceu em especial ao professor César Guimarães, por alimentar “a utopia de uma universidade mais equânime”, e à professora Leda Martins, “parceira leal e comprometida com os ideais mais nobres”. No encerramento da cerimônia, o reitor Jaime Ramírez lembrou a longevidade do Festival, realizado pela primeira vez em 1967. “É um dos melhores exemplos de nossa solidez institucional. Sua trajetória representa mais da metade de nossa existência”, comparou o reitor, para quem o Festival, embora inserido no campo da cultura, o que lhe confere claro perfil extensionista, deve estar articulado com as atividades de ensino e pesquisa. A primeira noite do Festival terminou com o encontro de uma roda de jongo com a Liga Feminina de MCs.
A rainha conga de Minas Gerais, Isabel Casimira das Dores Gasparino, se manifestou por meio de uma bênção, evocando a proteção dos santos para que "este festival seja um dos melhores de todos os tempos”.