Universidade Federal de Minas Gerais

Luana Macieira/UFMG
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Janaina Passos: ações de prevenção devem ser direcionadas aos perfis de risco

Estudo da Faculdade de Medicina traça perfil das tentativas de suicídio por envenenamento em Minas Gerais

sexta-feira, 5 de setembro de 2014, às 5h55

O Brasil registra média de 25 suicídios por dia, segundo o Datasus, banco de dados do Sistema Único de Saúde. Estima-se também que, a cada três segundos, uma pessoa tenta se matar no país e, para cada suicídio consumado, calcula-se pelo menos outras 10 tentativas.

Conhecer o perfil de quem tenta dar fim à própria vida pode ser o ponto de partida para a redução das tentativas de suicídio, sugere a pesquisadora Janaina Passos de Paula, autora da dissertação Perfil das tentativas de suicídio por intoxicações exógenas em Minas Gerais, defendida na Faculdade de Medicina da UFMG.

Servidora da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, Janaína se propôs a identificar o perfil de quem tenta se matar por envenenamento. “Sabíamos que as pessoas chegavam aos hospitais públicos com quadro de intoxicação exógena que geralmente não era provocado por algo relacionado ao seu trabalho, como agrotóxicos da lavoura. Então surgiu a pergunta: quais as principais circunstâncias de exposição às intoxicações?”, questiona a pesquisadora.

A pesquisa foi feita por meio de análises das notificações de intoxicação exógena do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), preenchidas pelo profissional da saúde no momento em que o paciente dá entrada no hospital. Os dados mostraram que 47,4% das intoxicações estavam associadas a tentativas de suicídio. “As tentativas superam os suicídios, então decidimos analisar todas aquelas que foram notificadas em Minas Gerais, de 2008 a 2012”, diz Janaina.

Segundo o banco de dados analisado, nos quatro anos considerados pela pesquisadora, foram registradas 20.091 tentativas de suicídio por meio de intoxicação exógena no estado – cerca de 70% dos casos eram de mulheres, 29,6% tinham entre 20 e 29 anos.

“A predominância de mulheres que se valem desse recurso para se matar tem várias explicações. Enquanto os homens recorrem a armas e a outros meios mais letais, as mulheres costumam usar medicamentos, com menor letalidade, mas com acesso facilitado”, aponta a pesquisadora.

As análises mostraram, ainda, que 69,3% das pessoas tentaram o suicídio ingerindo medicamentos. O estudo também revela que 77,7% das tentativas ocorreram dentro de casa e que 38,7% envolviam pessoas brancas.

Para Janaina Passos, a identificação da predominância de certos perfis mais propensos à tentativa de suicídio (mulher, branca, que comete o ato por via de contaminação digestiva e dentro de casa) é essencial para que órgãos públicos proponham medidas de prevenção direcionadas aos grupos de maior vulnerabilidade.

“O banco de dados em saúde é usado para fins epidemiológicos, ou seja, precisamos conhecer a realidade para tomar decisões. Se é sabido que a população de Minas tende a ter mais problemas cardiovasculares, por exemplo, o estado toma medidas para realizar ações de promoção da saúde relacionada a esse aspecto. Com o suicídio é a mesma coisa: a prevenção deve ser dirigida aos perfis de risco.”

Notificação obrigatória
Desde o dia 6 de junho deste ano, por meio da portaria 1.271 do Ministério da Saúde, as tentativas de suicídio precisam ser notificadas, o que, segundo Janaina Passos, possibilitará aos governos municipais, estaduais e federais dispor de estatísticas mais precisas sobre o assunto. “Há cidades em que esses números são maiores. Nesses locais, o poder público, de posse de informações mais consistentes, poderá concentrar esforços na implantação de centros de tratamento psicológicos”, exemplifica.

A pesquisadora destaca que o cruzamento dos dados provenientes de diferentes bancos também é importante para a compreensão da complexidade das tentativas e dos suicídios no estado. Segundo ela, o Estudo de Carga de Doenças da Secretaria de Saúde de Minas Gerais, que, por meio da análise de outro banco de dados, identificou as maiores causas de incapacidade dos mineiros, mostrou que a primeira causa entre as mulheres foi a depressão. Esse fator respondeu por 16,3% dos Anos de Vida Perdidos por Incapacidade (do inglês, Years Lost due to Disability – YLD ).

"Ao juntarmos a informação dessa pesquisa com o referencial teórico e a análise do meu estudo, podemos inferir uma associação entre depressão e as tentativas de se matar”, sugere Janaina Passos. “Se essas mulheres que apresentam quadros graves de depressão tiverem seu problema diagnosticado e tratado, isso pode contribuir para a redução das tentativas de morte nessa população”, conclui.

Dissertação: Perfil das tentativas de suicídio por intoxicações exógenas em Minas Gerais
Autora: Janaina Passos de Paula
Orientadora: Marta Maria Alves
Coorientadoras: Elza Machado de Melo e Elaine Leandro Machado
Defendida em 2013 no Mestrado Profissional de Promoção de Saúde e Prevenção da Violência da Faculdade de Medicina – Departamento de Medicina Preventiva e Social, Núcleo de Promoção de Saúde e Paz.

(Luana Macieira)

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