Para o ministro, o processo de concentração de riqueza e marginalização social de alguns segmentos, que se consolidou a partir do período pós-guerra, vem sendo desmontado por “sopros de avanço” que repercutem atualmente no país. Campolina salientou que a consolidação do Enem como forma única de mensuração da qualidade do ensino e a implantação do sistema de cotas para ingresso nas universidades federais são importantes instrumentos de democratização da educação. O ministro também discorreu sobre o crescimento da educação superior no país. “A criação da Capes e do CNPq representam a evolução do Brasil na conexão da pesquisa com o desenvolvimento”, pontuou. O ministro considera, no entanto, que investimentos na educação básica constituem “o primeiro andar do edifício”. “Não podemos falar de C&T sem garantir a educação dos nossos cidadãos desde os primeiros anos de suas vidas”, argumentou. Paradigmas internacionais Ele abordou também a crise recente do padrão capitalista, as mudanças na ordem global e a importância do uso social da corrida científica e tecnológica. Para Campolina, o Seminário de Diamantina é oportunidade para “alimentar nossas utopias, fantasias e desejos”, isso porque o Brasil, como instância periférica no contexto da C&T, precisa "saber articular essas dimensões em um projeto que caminhe para a emancipação – e não para a competição com outras potências".
Ciência e tecnologia devem ser mobilizadas na busca permanente pela construção de um organismo social mais justo e igualitário, defendeu nesta manhã, em Diamantina, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clélio Campolina Diniz (em foto de Foca Lisboa). Ele proferiu conferência logo após a cerimônia de abertura do 16º Seminário sobre Economia Mineira. “A correção da desigualdade histórica na propriedade da riqueza nacional e no acesso à educação são elementares para se pensar o desenvolvimento do Brasil”, afirmou Campolina, que foi reitor da UFMG na gestão 2010–2014.
Campolina chamou a atenção para a necessidade de se revisar a literatura internacional e dela extrair concepções que se alinhem com nossas aspirações de sociedade ideal. “Os EUA se tornaram a principal potência mundial quando estabeleceram a C&T como paradigma de seu desenvolvimento”, disse o ministro, acrescentando que, cada vez mais, as tecnologias estão sendo enraizadas em conhecimento científico, em desfavor do empírico.