A formulação de políticas dirigidas às comunidades informais, como favelas, a partir dos anos 1980, representou uma importante inflexão na forma de se planejar a vida nas cidades. “A informalidade sempre existiu, e seu reconhecimento pelo poder público deve ser constantemente aprofundado”, disse a arquiteta e professora do Instituto de Geociências, Heloísa Moura Costa, uma das conferencistas da mesa-redonda A experiência brasileira de planejamento, realizada na última quinta-feira, 18, no 16º Seminário sobre a Economia Mineira, em Diamantina. Em sua opinião, outro fator que ajudou a redirecionar o debate sobre as políticas de planejamento urbano foi a introdução do debate ambiental. “Uma vez colocadas, as questões socioambientais não saem mais da pauta”, observou a especialista, que citou, ainda, as políticas de habitação, que trouxeram, em sua avaliação, “inegáveis avanços” para o país. “Os programas habitacionais produzem interessantes configurações na periferia. Mas é necessário que outras soluções floresçam. Deve-se empreender uma luta política para manter esses programas e aprofundá-los”, defendeu Heloísa Costa. Heterogeneidade Tolosa lembrou que, embora tenham sido criadas superintendências regionais de planejamento, suas propostas foram eliminadas quando entravam em rota de colisão com a política nacional. Para ele, as decisões na esfera do planejamento urbano e territorial devem se pautar por questões como as migrações internas. “Essa falta de sensibilidade resulta em distribuição desigual do bem-estar. Fala-se muito em desigualdade, mas tende-se a simplificar o fenômeno, o que é um erro”, concluiu o professor da Unirio.
O economista Hamilton de Carvalho Tolosa, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), defendeu a revisão na concepção de planejamento urbano no país, de forma a priorizar as peculiaridades de cada sociedade. Segundo ele, a heterogeneidade é a característica mais visível do ambiente urbano brasileiro e, durante muito tempo, esse aspecto não foi considerado pelas autoridades brasileiras de planejamento urbano.