Foca Lisboa / UFMG |
Servidores da UFMG e outros profissionais envolvidos com a inclusão social de pessoas com deficiência física estiveram reunidos em mesa temática na tarde de hoje, mediada pela pró-reitora adjunta de Recursos Humanos, Leonor Gonçalves, no auditório da Reitoria. Durante a atividade, que integra a Semana do Servidor, foram compartilhados relatos pessoais sobre o convívio com as deficiências e apresentados projetos institucionais que lidam com o tema. O servidor técnico Marcos Fonseca, que tem mobilidade reduzida e trabalha há 34 anos na Escola de Engenharia, narrou situações em que ficou impossibilitado de acessar seu local de trabalho por conta de desligamento do elevador. “Quando a escola era localizada no Centro, não havia rampa de acesso ao prédio. Por isso, cheguei a trabalhar durante três meses fora da minha sala", relatou. Fonseca também lamentou o fato de que nem sempre as vagas de estacionamento reservadas para cadeirantes são respeitadas. Morte psíquica A enfermeira Anna Alessandra Mattos, graduada na UFMG em 1995, relatou casos de preconceito e de superação vivenciados desde o nascimento de sua filha, portadora de Síndrome de Down. “Toda gestação é acompanhada da idealização dos traços físicos e da personalidade da criança que vai nascer. Quando alguns familiares souberam que viria um bebê com down, chegaram ao absurdo de me perguntar se eu iria abortar”, contou. Anna Alessandra explicou que o desenvolvimento intelectual desse tipo de criança depende muito da interação com a família e com a sociedade. “O preconceito diminui as possibilidades da criança, porque ela fica desacreditada de seu potencial”, disse. A enfermeira defendeu que é urgente uma mudança generalizada de concepção quanto ao tema: “A pessoa só percebe que é deficiente se outros a tratam com foco na sua anormalidade”. A servidora da UFMG Lina Soares de Souza, que é pós-graduada em Libras, detalhou a estrutura do projeto Diálogos de inclusão, do qual é coordenadora. “O projeto busca propor e discutir a capacitação de servidores da Universidade e formar espaços de comunicação sobre a importância da Língua Brasileira de Sinais”, disse ela, que fez um relato de alguns dos eventos mediados pela iniciativa e apresentou, em vídeo, uma retrospectiva das atividades do projeto, criado há três anos. Uma experiência externa à UFMG também foi apresentada na tarde de hoje: a do Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI), da PUC-MG. Sua coordenadora, Nivânia de Melo, abordou a estrutura do órgão, responsável pela coordenação de ações de suporte aos alunos com necessidades educacionais especiais, associadas às deficiências visual, auditiva e locomotora. “Com o uso de formulários e entrevistas individuais, o NAI traça um plano de apoio aos alunos, e provê ledores, copistas, traduções para o braile, tecnologias assistivas e mobiliário adaptado, além de garantir orientação aos professores”, detalhou Nivânia, que lidera equipe formada por intérpretes de Libras, técnicos em braile e auxiliares administrativos e instrutores de oficinas que também são deficientes.
Em sua explanação, o professor Marcelo Guimarães, da Escola de Arquitetura da UFMG, fez alusão à “linha da vida”, parâmetro segundo o qual os indivíduos cumprem um ciclo que culmina com a morte. “No fim do curso natural da vida, as pessoas ficam debilitadas fisicamente e perdem a independência. Para o deficiente, ocorre um rompimento com esse ciclo, porque ele é dependente desde o nascimento. As pessoas que sofrem um acidente e perdem a mobilidade morrem psiquicamente e demoram a renascer”, comparou o professor, acrescentando que é tarefa da sociedade “oferecer referenciais de força e energia para minorar os problemas dos deficientes e fazer com que eles se convençam de que vale a pena viver”.