O ritmo de inovação alcançado nos últimos anos pelas universidades brasileiras e o sucesso que elas têm obtido na transferência de tecnologias para o mercado atraíram o olhar de pesquisadores, investidores e gestores públicos da Rússia que, nesta quinta-feira, 6, vão visitar a UFMG. Composta de reitores de quatro universidades, investidores e de representantes de empresas e do governo, a comitiva também traz ao Brasil experiências que podem ser compartilhadas e gerar projetos conjuntos. Depois de recebidos pela vice-reitora Sandra Goulart Almeida, os integrantes da delegação participarão de reuniões em três áreas. No campo estratégico, o grupo de investidores PBK, do governo russo, se reunirá com representantes da Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT) da UFMG e da Fundep Participações S.A. (Fundepar), entidade que apoia empresas emergentes inovadoras originadas de pesquisas realizadas na Universidade. No âmbito acadêmico, reitores e pró-reitores, diretores de unidades acadêmicas e professores das instituições russas e da UFMG vão se reunir para discutir projetos com potencial significativo de interação. Na área de negócios, uma equipe do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTec) vai conversar com representantes de parques tecnológicos russos. O encontro também terá participação de empresas instaladas no BHTec cujos produtos possam interessar a empresas do país visitante. À tarde, quando a comitiva estará na Cidade Administrativa, Mikhail Kasatkin, engenheiro-chefe da Scientific-Prodution Company (Saturn), empresa que produz motores de avião e de foguetes, e Dimitri Ivanov, chefe de inovação, farão palestras no câmpus Pampulha para alunos do curso de engenharia aeroespacial. A comitiva tem passado por diversos países e, na América Latina, escolheu o Brasil, onde permanecerá por uma semana em visita a três universidades: UFMG, USP e UFRJ. Pinotti explica que os visitantes querem saber quais desafios tiveram que ser vencidos para que a UFMG alcançasse alta taxa de transferência de tecnologia. “As universidades russas são muito parecidas com as nossas – públicas e geralmente divorciadas do setor industrial, barreira que a UFMG vem quebrando ao longo dos anos”, avalia o professor. De acordo com a CTIT, a UFMG é a maior depositante de patentes entre as universidades federais, com 650 depósitos – 20% dessas tecnologias são licenciadas. As quatro universidades que compõem a comitiva foram indicadas pelo governo russo para receber mais financiamento em razão de seu potencial para subir nos rankings internacionais de instituições de ensino, ciência e tecnologia. São elas: Universidade Médica Estatal de Samara, Universidade Aeroespacial Estatal de Samara, Universidade Nacional de São Petersburgo – Tecnologias da informação, mecânica e ótica (IFMO) e Universidade Científica Tecnológica (Misis) de Moscou. Pinotti comenta que um dos indicadores fundamentais para avançar em rankings é contar com a presença de professores estrangeiros, tema que também será objeto de negociação entre os participantes da reunião.
Uma semana no Brasil
Coordenada por Evgeniya Shamis, fundadora e diretora da empresa Sherpa S Pro, de Moscou, a delegação será recepcionada pelo professor Marcos Pinotti Barbosa, do Departamento de Engenharia Mecânica, que intermediou a visita.
Segundo Pinotti, a UFMG foi escolhida por ser uma das mais importantes universidades do Brasil e por seu modelo exemplar na área de inovação. “A UFMG chamou a atenção por ter todas as componentes da trajetória da inovação bem desenvolvidas: excelência acadêmica mundialmente reconhecida, a presença da CTIT, cujo trabalho se destaca no país, e de um parque tecnológico em crescimento, e, para fechar esse ciclo virtuoso da inovação, ainda tem a Fundepar, que financia empresas emergentes”, enumera o professor da Escola de Engenharia.